Goleiro Bruno é condenado por falta grave e perde progressão para regime semiaberto

  • Por Jovem Pan
  • 12/02/2019 15h59
Renata Caldeira/TJMG Goleiro Bruno foi condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato da modelo Eliza Samudio, de 25 anos, com quem ele tinha uma relação extraconjugal e um filho Bruno estava perto de sair para regime semiaberto

A 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha (MG) decretou que o goleiro Bruno, ex-Flamengo e Corinthians, cometeu uma falta grave no ano passado. Por isso ele perdeu a progressão para o regime semiaberto e não poderá mais trabalhar fora da prisão. Ele também corre risco de ser transferido para uma cadeia de regime mais duro. Bruno foi flagrado em um bar, acompanhado por duas mulheres, no final do ano passado. Um processo administrativo chegou a absolvê-lo por isso, mas a nova decisão judicial, anunciada nesta segunda-feira (11), prevalece. Tudo isso ainda pode mudar porque a defesa do jogador vai entrar com recurso.

Conforme o processo, Bruno estava com as mulheres durante o horário de trabalho externo na Associação de Proteção e Amparo ao Condenado (Apac), de Varginha, onde cumpre pena. A Apac é um modelo de prisão humanizada em que os presos obedecem a regras menos rígidas que no sistema convencional.

Um vídeo, divulgado em outubro de 2018, mostra que havia uma lata de cerveja sobre a mesa, embora não deixe claro se o detento estava consumindo a bebida. Bruno também teria usado um celular para marcar o encontro – o uso de celulares por presos é proibido.

No processo administrativo aberto pela direção do presídio Bruno foi absolvido. Conforme a Apac, o detento trabalhava com outros presos em uma obra ao lado da unidade e teria se encontrado com as mulheres durante a pausa para descanso. O espaço, mantido pela Associação Canaã, não tem características de bar, segundo a Apac. O Ministério Público do Estado não aceitou a conclusão e entrou com recurso.

O juiz Tarciso Moreira de Souza disse na decisão que o próprio Bruno reconheceu ter usado o celular de um encarregado da unidade para receber a ligação de uma das mulheres.

“Nesse sentido verifico que o simples fato de utilizar o aparelho celular para a finalidade de marcar encontro com pessoa que não faz parte da família, bem como estar na companhia de pessoas, sejam homens ou mulheres que não guardam relação com o local em que prestava trabalho externo, estando o reeducando em cumprimento da pena em regime fechado, por si só já configura falta grave”, assinalou.

Além de revogar o trabalho externo, o juiz considerou que o reeducando “traiu os ideais da Apac” e determinou que fosse oficiado à direção da unidade e à pasta estadual de administração penitenciária para que Bruno seja transferido para presídio da comarca de Belo Horizonte, onde também teria declarado residência.

O advogado de Bruno, Fábio Gama, disse que a decisão que reconheceu a falta grave é “absurda” e vai usar o prazo legal para entrar com recurso. Conforme o advogado, Bruno já havia cumprido requisitos para progressão ao regime semiaberto, mas a falta grave, se mantida, pode suspender a progressão por tempo indeterminado. “Vamos aguardar o julgamento do recurso”, afirmou

Caso Eliza Samúdio

Ex-goleiro do Flamengo, Bruno foi preso em 2010 e condenado pelo homicídio de Eliza Samúdio e por sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. As penas somaram 20 anos e 9 meses de prisão.

Desde abril de 2017, o preso cumpre pena na unidade da Apac de Varginha. Naquele ano, o goleiro chegou a ser solto por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) e jogou futebol pelo Boa Esporte, que disputava o segundo módulo do Campeonato Mineiro. A liminar, no entanto, foi revista dois meses depois e ele voltou à prisão.

Com Estadão Conteúdo

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