Joia do Vasco, Lucas Santos afirma: ‘Não posso ficar alienado enquanto matam negros e pobres’

  • Por Jovem Pan
  • 05/12/2019 10h21
Reprodução/Instagram Lucas Santos detonou a política de segurança pública do governo de Wilson Witzel

Lucas Santos despontou no Vasco no começo de 2019, quando brilhou na Copa São Paulo de Futebol Junior e ajudou a levar o seu time à final do principal torneio de juniores do Brasil. Emprestado pelo Cruz-Maltino ao CSKA Moscou, o meia-atacante concedeu longa entrevista ao “EL País”, publicada nesta quinta-feira (5), e criticou a política de Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro.

Criado na favela Para-Pedro, na zona norte do Rio, Lucas Santos faz parte de um pequeno grupo de jogadores interessados na política nacional e critica a “política de genocídio” contra a população menos favorecida. “Saí da favela, mas não posso me dar ao luxo de ficar alienado enquanto matam negros e pobres”, comentou o jogador ao falar sobre a repressão policial nas comunidades.

Neste ano, inclusive, o estado do Rio de Janeiro registrou em 2019 o maior número de mortes causadas pelas polícias de sua história, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública. Lucas Santos, nascido na favela localizada no bairro de Irajá, conheceu Kelvin, de 17 anos, uma das vitimas do mês de outubro.

“A morte dele me deixou revoltado. Poderia ter acontecido comigo ou com algum familiar. Dizem que é por engano, mas morrem cada vez mais pessoas negras e pobres nas favelas. Cada vez mais o Rio é um lugar medonho para se viver, apesar das belezas naturais”, afirmou Lucas, que já treinou com a seleção principal.

O jovem de 20 anos, que está emprestado ao time russo até o final da temporada, também voltou a fazer críticas a Wilson Witzel. Através das redes sociais, Lucas já havia detonado a gestão do político.

“As atitudes que ele toma me fazem acreditar que se trata de uma política de genocídio contra a população menos favorecida. Nenhuma pessoa deve comemorar a morte de um ser humano, independentemente do que estivesse fazendo. Entendo que é preciso ser duro com a criminalidade e o tráfico, mas não consigo ficar feliz com o assassinato de alguém. Essa postura do governador abala a confiança na polícia. Quem deveria proteger, na verdade, está matando muitos de nós”, continuou.

Lucas Santos também enxerga um movimento do atual governo de criminalizar o funk. “Existe uma tentativa de criminalização do funk. Algumas letras são pesadas, mas retratam a realidade da favela”, diz o jogador. “Eu tenho amigos e até familiares que foram pro lado do crime, infelizmente. Nem por isso deixei de falar com eles. Quero que eles saiam dessa vida. E não é me afastando ou virando a cara que vou convencê-los.

 

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