Liga espanhola pede para Uefa investigar gastos do Manchester City

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/09/2017 11h24
Reprodução / Instagram Kyle Walker custou mais de R$ 200 milhões aos cofres do Manchester City

A liga espanhola de futebol, La Liga, quer que a Uefa investigue os gastos realizados pelo Manchester City e expanda sua recém-aberta apuração sobre se o Paris Saint-Germain violou as regras do Fair Play Financeiro da entidade.

O presidente da liga espanhola, Javier Tebas, disse em um comunicado enviado à agência de notícias The Associated Press nesta segunda-feira (4), que o PSG, de propriedade de um fundo estatal do Catar, e o City, financiado por Abu Dhabi, estão se beneficiando de auxílios estatais que distorcem as competições europeias e “prejudica irremediavelmente a indústria do futebol”.

Tebas escreveu cartas separadas ao órgão gestor do futebol europeu em 22 de agosto solicitando investigações sobre o Manchester City e o PSG. A Uefa disse na última sexta-feira (1) que examinaria se o PSG estava violando as regras projetadas para controlar gastos excessivos pelos principais clubes europeus. Tebas quer que a entidade vá além disso e olhe para o “histórico de não-conformidade do PSG”.

City e PSG gastaram centenas de milhões de dólares na janela de transferência que fechou na semana passada, e a liga espanhola afirma que os times se “beneficiam de patrocínios que não têm sentido econômico e não têm qualquer valor justo” para ajudá-los a cumprir o Fair-Play Financeiro.

Em última análise, no caso de violação das regras, os clubes podem ser proibidos de jogar a Liga dos Campeões ou a Liga Europa. “O financiamento do PSG e da Man City por auxílio estatal distorce as competições europeias e cria uma espiral inflacionária que está prejudicando irreparavelmente a indústria do futebol”, disse Tebas. “A Uefa deve impor os regulamentos do FFP (Fair-Play Financeiro, em inglês) para evitar a discriminação entre os clubes”.

Em 2014, o PSG e o City foram os principais alvos da primeira rodada de sanções da Uefa. Ambos tiveram deduzidos 20 milhões de euros (aproximadamente R$ 75 milhões, na cotação atual) da premiação da Liga dos Campeões e receberam limitações sobre seus gastos e seu elenco para os jogos na competição.

Naquela oportunidade, juízes da Uefa disseram ao PSG que um acordo de patrocínio com a autoridade de turismo do Catar foi inflado acima do valor justo de mercado para ajudar o clube a cumprir com as regras. Foi apenas em abril que a Uefa declarou que o PSG tinha cumprido suas obrigações em um escrutínio contínuo mais rigoroso.

Mas Tebas disse que o City e o PSG ainda estão tentando descumprir as regras da Uefa. “O PSG é um descumpridor habitual e violou o regulamento de Fair-Play Financeiro da Uefa por anos. É importante que a Uefa não apenas veja as transferências de jogadores mais recentes, mas o histórico de descumprimento do PSG. As transferências são apenas o resultado de anos de doping financeiro no PSG”.

O painel de monitoramento das finanças dos clubes da Uefa interveio na semana passada para abrir uma nova investigação sobre o PSG depois que o clube francês quebrou o recorde mundial em uma transferência ao pagar 222 milhões de euros (R$ 831 milhões) ao Barcelona por Neymar. Na última quinta-feira (31/8), assinou com Kylian Mbappe, do Monaco. O City foi o clube que mais investiu na última janela de transferências, ultrapassando a cifra de 220 milhões de libras (R$ 895 milhões) na aquisição de jogadores como Kyle Walker (Tottenham) e Benjamin Mendy (Monaco).

Durante o período de três anos de avaliação do Fair-Play Financeiro que vai até 2018, os clubes podem ter um prejuízo de até 30 milhões de euros (R$ 112 milhões). Para evitar superar esse valor, de acordo com Tebas, PSG e City estão inflando seus rendimentos usando o patrocínio de empresas apoiadas pelo Estado.

O City foi adquirido em 2008 pelo xeique Mansour, que é membro da família governante de Abu Dhabi. O clube é patrocinado por várias empresas estatais: Etihad Airways, a Autoridade de Turismo e Cultura de Abu Dhabi, Aabar, Etisalat e o First Gulf Bank.

O PSG foi comprado em 2011 pelo Qatar Sports Investment. Seus patrocinadores do Catar são Ooredoo, Qatar National Bank, Aspire Academy, Aspetar, Katara, BeIN Sports e a Autoridade de Turismo do Catar.

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