Milton Cruz rejeita propostas no Brasil e revela desejo: trabalhar fora
Auxiliar do São Paulo por 17 anos, Milton Cruz decidiu dar um passo à frente na carreira. Demitido do clube em março de 2016, o “eterno interino” tricolor começa a construir trajetória em um mercado no qual sempre resistiu a trabalhar: o de treinadores.
A primeira experiência foi traumática: durou três meses, 12 jogos e acabou com uma repentina demissão no Náutico, clube que vive uma de suas piores crises financeiras. Conclusão: Milton foi mais uma vítima da máquina de “moer técnicos” que é o futebol brasileiro. Por isso, agora recusa propostas internas e nutre o desejo de trabalhar fora do País.
“Eu tive algumas propostas de alguns clubes, mas nessa mesma situação que eu passei no Náutico… Não aceitei”, revelou Milton, em entrevista exclusiva a Bruno Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan. “Gostaria de ir para fora. Lá, o pessoal cumpre o contrato e dá uma condição de trabalho melhor. Precisamos melhorar muito no Brasil”.
Até mesmo o caso de Rogério Ceni, amigo pessoal de Milton Cruz, foi citado pelo novato treinador. “Deveria ter uma exigência maior da CBF com esses clubes e um carinho maior com os treinadores. Quando você faz um contrato de dois anos e ele é interrompido em seis meses, como aconteceu com o Rogério (Ceni)… A CBF poderia dar um pouco mais de segurança ao treinador. Já que copiamos o que os caras fazem lá na Europa, poderíamos copiar isso também”, cobrou.
A demissão precoce no Náutico, de acordo com Milton, não foi surpreendente. Mas o decepcionou. “Eu fui para o Náutico com uma diretoria que me levou, com um projeto de subirmos para a primeira divisão. A gente estava indo bem no Pernambucano, mas aí entrou outra diretoria e quis mudar tudo, fazer contenção de despesa… Era difícil de trabalhar. Eu fiquei muito decepcionado com essa saída, mas já sabia, porque muitas pessoas me falaram sobre essas dificuldades que os clubes atravessam”.
Foi principalmente por causa dessa instabilidade que o ex-auxiliar resistiu tanto à ideia de trabalhar como técnico. Ele mudou de planos no ano passado, quando foi demitido do São Paulo após mais de duas décadas de clube. “De fora, eu sempre via a dificuldade de ser treinador, por isso que sempre resisti. Eu me mantive fiel ao São Paulo. Porém, depois que saí do clube, me coloquei no mercado”, explicou.
Auxiliar do São Paulo desde 1999, Milton Cruz foi demitido em março do ano passado, após mais de 22 anos de serviços prestados ao clube. A decisão foi tomada pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, em meio a mudanças no departamento de futebol. Desde então, o nome de Milton foi ventilado em clubes como Corinthians e Coritiba, mas ele só comandou o Náutico.
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