Milton Cruz revela que presidente do Figueirense chorou após demiti-lo: ‘ele sofreu pressão’
Dez dias se passaram, Rogério Micale já foi até contratado, mas a “inesperada” demissão de Milton Cruz ainda repercute no Figueirense. O treinador, que foi campeão catarinense, fazia boa campanha na Série B e acabou demitido de maneira surpreendente após derrota em casa para o CSA, se disse surpreso pela saída e abriu o jogo.
Em entrevista exclusiva ao repórter Marcio Spimpolo, da Rádio Jovem Pan, Milton explicou que só caiu por causa da ameaça de alguns torcedores ao presidente do clube, Cláudio Vernalha, e revelou que houve uma “choradeira danada” no vestiário alvinegro após a sua saída. Segundo o treinador, até Vernalha foi às lágrimas depois de demiti-lo.
“André Santos, Denis, Jorge Henrique, João Paulo… Esses atletas, que são os capitães do time, me ligaram assim que começaram a sair as notícias de que eu iria embora. Eles disseram: ‘professor, você não vai abandonar o barco, né?’. E eu falei: ‘não! Não sou eu que estou querendo sair! Estão querendo me remanejar para outra função, para ser manager, mas eu não aceitei’. Eles não queriam que eu saísse. No dia em que eu fui me despedir lá, foi uma choradeira danada. E não só do presidente, que chorou, também, por causa da pressão que ele sofreu”, contou Milton Cruz.
Campeão catarinense, melhor visitante da Série B e a apenas quatro pontos do G-4, o Figueirense de Milton Cruz começou a passar por um momento de instabilidade graças ao mau desempenho apresentado dentro de casa – são apenas quatro vitórias em 14 jogos no Orlando Scarpelli pela competição nacional. O treinador foi muito hostilizado após a derrota por 2 a 1 para o CSA, em Santa Catarina, e não resistiu à pressão feita por alguns torcedores ao presidente Cláudio Vernalha.
“A minha saída do Figueirense causou muita surpresa não só a mim, como à maioria da torcida. Nós ganhamos o clássico contra o Avaí, empatamos com o líder Fortaleza lá no Castelão com um jogador a menos e, em casa, após uma sequência de jogos, sem tempo para descanso, voltando de viagem, perdemos para o CSA. Naquele dia, três indivíduos invadiram a coletiva e ficaram pressionando os dirigentes pela minha saída”, explicou Milton.
“O presidente queria muito que eu permanecesse no clube, como manager, para eu voltar (a atuar como treinador) na hora que tudo se acalmasse, mas formei uma comissão técnica e não seria justo com esses profissionais que eu os abandonasse naquele momento. Não houve ameaça direta a mim, mas houve ao presidente. Foi isso o que aconteceu”, acrescentou.
Na semana passada, ao anunciar a saída de Milton Cruz, o presidente do Figueirense, Cláudio Vernalha, confirmou que a pressão externa contribuiu para a demissão, mas negou que tenha sido decisiva: “existe uma pressão externa, nítida, mas não foi o fato principal. Não digo que foi um fator decisivo, mas o fator externo interferiu, sem dúvida. Estou bem chateado, mas tenho que pensar no Figueirense. Pelo lado pessoal, quero o Milton do meu lado para sempre. No lado institucional, foi a decisão certa a ser tomada”.
O substituto de Milton Cruz já foi contratado. Trata-se de Rogério Micale. Campeão olímpico com a Seleção Brasileira em 2016, o treinador estava sem clube desde que foi demitido pelo Paraná, em agosto. Ele estreou pelo Figueirense na última sexta-feira, no empate por 2 a 2 com o São Bento, em Florianópolis.
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