Pablo Marí vê Flamengo com pés no chão: ‘Falta muito trabalho a fazer’

  • Por Jovem Pan
  • 03/11/2019 13h55
Divulgação Pablo Marí é zagueiro do Flamengo

Em 11 de julho deste ano, o Flamengo anunciou a contratação de um desconhecido que, em pouco mais de três meses, ganhou a confiança do torcedor, se tornou titular absoluto e está pronto para ser o primeiro espanhol a disputar uma final da Taça Libertadores: o zagueiro Pablo Marí.

Além disso, o defensor, que já passou por Manchester City e Deportivo La Coruña, entre outros, ainda pode alcançar algo inédito para um jogador dessa nacionalidade, se sagrar campeão brasileiro. Marí, no entanto, foi cauteloso ao falar à “Agência EFE” sobre a conquista nacional e mostrou muito respeito ao River Plate, o rival a ser batido na decisão continental.

O zagueiro ainda falou sobre o desejo de retornar à Europa no futuro, o sonho de defender a seleção da Espanha e de não duvidar de uma possível convocação sendo jogador de um clube brasileiro, estando distante fisicamente do país.

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Você chegou a um clube que não conhecia e que agora tem chances de conquistar dois títulos. Tinha essa expectativa?

Pablo Marí: Não, claro que não. Tinha a expectativa de que, com o meu trabalho do dia a dia e a vontade e esperança que vinha, as coisas iriam bem, que logo teria a chance de jogar, brigar por espaço no time titular, mas, logicamente, não pensava em termos a repercussão que estamos tendo agora.

Estamos vivendo um grande momento com o Flamengo, e acho que temos um grande time para brigar pelos dois títulos que temos pela frente. Evidentemente, que vamos lutar por ambos.

Na sua opinião, quais são as chances de título no Brasileiro e na Libertadores?

Marí: Para o título do campeonato, comecemos por aí, falta muito ainda. Restam nove jogos e já vimos, em diferentes ligas, que pode acontecer qualquer coisa, mesmo com tantos pontos de diferença. Nós teremos que ser muito regulares, como estamos sendo nos últimos meses. Somos um time que tem isso muito claro, ir dia após dia, jogo a jogo, sem pensar nas partidas que estão mais à frente. Vínhamos falando isso agora, que acabamos de jogar com o Goiás (na quinta-feira passada) e, em três dias, temos o jogo com o Corinthians. Assim é o futebol. É o que temos agora, e não temos tempo para nos recuperarmos, nem para pensarmos na partida que passou. Resta pensar no jogo de domingo, ir passo a passo, pouco a pouco, e enquanto vão passando as rodadas temos que seguir fortes e ganhando.

Quanto à final da Libertadores, para nós, foi um grande prêmio alcançar esta decisão. Trabalhamos muito. No nosso dia a dia, com o técnico, temos dado tudo taticamente, fisicamente e mentalmente, em todos os jogos que disputamos na Libertadores. Vamos enfrentar um grande time, com muitos anos de experiência, como eles mesmos dizem, na Libertadores. Mas estamos chegando com muita esperança, com muita vontade e, evidentemente, com os pés no chão e humildade, diante da equipe que vamos enfrentar e do nível desta final. É claro que vamos buscar, vamos entrar lá para ganhar. Queremos levar esse título para casa.

Duas semanas atrás, você comentou que já estavam assistindo vídeos do River Plate e analisando o adversário. Qual a avaliação? Qual a maior preocupação?

Marí: Estamos vendo pequenos fragmentos. Não estamos trabalhando, em profundidade, sobre o River porque faltam 20 dias para a final. Temos, agora mesmo, coisas mais importantes para fazer, que é trabalhar no Campeonato Brasileiro, jogo a jogo. Claro que vamos manter entre nós os pontos fortes do River. Não vamos dar pistas ao rival sobre o que acreditamos ser os seus pontos fortes.

Jorge Jesus, em pouco tempo, se tornou unanimidade no Brasil. É um técnico com fama de ser disciplinador e duro. Como é o método dele e como você está se sentindo com ele?

Marí: Acredito que, mais do que duro, eu usaria a palavra profissional. É um grande técnico. Nós, jogadores, estamos vivendo coisas novas com ele todos os dias. Aprendemos coisas novas e, sobretudo, e eu vi isso muitas vezes, ele é capaz de tirar de você muito rendimento no dia a dia. Hoje, acho que poucos treinadores estão à altura dele.

O ‘mister’ já mostrou, ao chegar aqui, que pode mudar tudo. Ele mudou o clube. Mudou o time, mudou a maneira de pensar no Flamengo, claro, para o bem. É muita coisa o que ele conseguiu.

Mas estamos iguais a todos os outros. Ainda não ganhamos nada. Ainda não temos nenhum título. Estamos perto de dois grandes títulos, mas falta muito trabalho para fazer.

Pessoalmente, como se sente trabalhando com ele?

Marí: Muito bem. Estou muito feliz com o ‘mister’. Mudou a minha forma de ver o futebol, a minha forma de jogar. Agora, vejo o jogo de outra maneira, e isso graças a aspectos que me favoreceram. Tomara que possa continuar trabalhando por mais tempo com ele.

Há quatro meses, você desconhecia o Brasil, mas já tem um tempo de experiência aqui. Como enxerga o nível do futebol brasileiro?

Marí: Muito bom. No jogo contra o Goiás, por exemplo, o empate foi definido individualmente, por jogadores deles. Então, há jogadores que têm esse nível técnico de poder decidir um jogo em aspectos técnicos. Estamos em uma liga que tem grandes jogadores, com um modo de jogo diferente da Europa, mas cada um tem seu estilo e, no fim, os talentos aparecem. Quando você joga contra grandes times, vê um futebol muito bonito.

Antes de chegar ao Brasil, conhecia o futebol brasileiro?

Marí: Eu tinha a mesma visão. Sabia que era um futebol diferente. Aqui há grandes talentos, jogadores muito jovens, com grande projeção e jogadores conhecidos no nível de seleções, com participação em Copas do Mundo. Estamos falando de um grande campeonato em níveis internacionais.

Você tomou uma decisão de vir ao Brasil, que vai na contramão de muitos jogadores brasileiros, que vão para a Europa. O que pesou para essa decisão?

Marí: Acho que, no fim, quando te apresentam um bom projeto, ambicioso, e você se identifica, tudo vai bem. Quando surgiu a possibilidade de vir, estava avaliando coisas na Espanha, na Inglaterra, mas o Flamengo me pareceu muito atrativo. Queria vir e fazer história no Flamengo. Gostei muito do projeto que me apresentaram, e meu representante me aconselhou que era uma boa opção para mim. Não hesitamos em aceitar a proposta.

Você tem um contrato longo, mas no futuro pensa em voltar à Europa?

Marí: Sim, é evidente que gostaria de voltar para a Europa. Eu sempre quero crescer, almejar mais coisas na vida. Claro que não vou pensar agora no que vai acontecer no futuro. Tenho um contrato com o Flamengo e estou muito feliz de estar aqui.

A seleção da Espanha tem uma carência de zagueiros canhotos. Você tem expectativa por uma convocação?

Marí: Tenho, claro. Para mim, é um objetivo estar algum dia com a camisa da seleção do meu país. Claro que isso passa por trabalhar dia após dia, para melhorar em cada jogo, em cada ação. Tudo passa por aí, em estar focado em estar melhor a cada dia.

Acha possível ser convocado jogando no Brasil?

Marí: Tudo é possível nessa vida. Isso ficaria a cargo do corpo de observadores da seleção, que podem me ver aqui. Sigo fazendo o meu trabalho, pensando no Flamengo, no que tenho que fazer a cada jogo. Se eu receber esse prêmio um dia, ficarei muito feliz de ir.

Quando você foi contratado pelo Manchester City, foi por recomendação do técnico Josep Guardiola. Mas ele não utilizou você em nenhum momento. Voce se sentiu frustrado?

Marí: Não, em nenhum momento. Pelo contrário. O City se portou muito bem comigo, desde o primeiro dia em que estive com eles. Não tive nenhum problema no clube, pelo contrário, me ajudaram até o último dia, com a saída para o Flamengo.

E sua relação com Guardiola?

Marí: Não tive nenhum contato com Guardiola. Nunca me encontrei com ele, nem troquei uma palavra. Isso me deixa com o desejo de algum dia falar com ele, não apenas por ter me contratado, mas porque me parece um grande treinador. Adoraria falar algumas coisas sobre futebol com ele.

Como tem sido a sua adaptação ao Rio? Sua família está bem adaptada?

Marí: Sim, estamos todos muito bem. Minha família, minha mulher, meu filho, todos muito bem. Também o meu cunhado, que veio para nos ajudar um pouco com a adaptação. Estamos muito felizes e queremos passar muito tempo no Flamengo.

*Com informações da EFE

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