Análise: Vitória do Palmeiras contra Globo é uma revolução para o futebol brasileiro?

  • Por Allan Brito/ Jovem Pan
  • 23/05/2019 15h05
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Palmeiras/ Divulgação Palmeiras teve competência para reunir condições financeiras exclusivas no futebol brasileiro

O Palmeiras resolveu encarar a poderosa Rede Globo. Mesmo com o Campeonato Brasileiro de 2019 em andamento, o time não cedeu nas negociações para transmitir os jogos. Algumas partidas não passaram em qualquer canal. E essa atitude resultou em uma série de reuniões, até que as duas partes chegaram a uma acordo. O Verdão disse que “teve todos pleitos atendidos”. A Globo teve que ceder em muitos pontos da negociação. Isso significa uma revolução no futebol brasileiro? Nas redes sociais há quem encare desse jeito. Mas na prática é uma vitória grandiosa do Palmeiras e nada mais que isso.

O Palmeiras é um caso atípico no futebol brasileiro. Primeiro porque o clube tem condições financeiras excelentes, principalmente por 3 motivos: contou com um presidente que emprestou dinheiro ao clube, Paulo Nobre; tem um patrocínio, da Crefisa, que paga altos valores e não se importa com a ausência de exibição na Rede Globo; e o sucesso do Allianz Parque, que gera muita receita através do programa de sócio-torcedor. Nenhum time no Brasil chega perto de ter essas condições financeiras.

Por isso o Palmeiras conseguiu essa vitória, que passa a receber praticamente os mesmos valores que os rivais Corinthians e Flamengo – juntando os acordos com Esporte Interativo e Rede Globo, é possível que isso realmente aconteça, mas os valores ainda não estão claros.

Independente de alcançar os rivais ou não, é uma vitória brilhante do Palmeiras. Mas não significa uma revolução para o futebol brasileiro. Os outros times só ganharão algo se perceberem como isso pode virar um exemplo. Eles têm acordos com a Globo até 2024 e não acontecerão negociações até lá. Ou seja, eles terão 5 anos e meio para buscarem mudanças uma revolução.

Em primeiro lugar é preciso melhorar as próprias condições financeiras dos times. Dificilmente um clube terá um presidente milionário ou patrocínio tão forte. Mas é possível ser mais saudável financeiramente. A maioria dos clubes não possui sequer um programa de sócios-torcedores bem organizado.

Ao mesmo tempo que melhorarem as próprias gestões, os clubes também terão que se unir. Atualmente isso está muito, muito, muito longe de acontecer. Cada time faz negociações individuais com a Rede Globo e só pensa “no próprio umbigo”. Dessa forma é impossível conquistar quaisquer vitórias contra uma emissora tão poderosa.

Enquanto nada disso acontece, o mais provável é que Corinthians, Flamengo e Palmeiras continuem lucrando muito mais que os outros times. Rivais tão importantes quanto eles, como São Paulo e Vasco, erram demais em planejamentos e ficam para trás. Adversários menores perdem cada vez mais força e poder de negociação. E assim o futebol brasileiro caminha para uma tragédia, não uma revolução.

 

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