Papo, boa fase e Rodriguinho: como Corinthians convence atletas a ficarem até 2018

  • Por Jovem Pan
  • 18/07/2017 15h33 - Atualizado em 19/07/2017 00h42
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Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians/Divulgação Líder isolado do Campeonato Brasileiro, o Corinthians tem sido alvo do mercado estrangeiro nesta janela de transferências

“A nossa intenção é clara: não vir mais ninguém e não sair mais ninguém. Muitas propostas foram feitas, mas a gente tem dito: ‘voltem no fim do ano’. Ou, se quiserem fechar negócio agora, a gente vai ver se é bom para o clube, bom para o jogador e se eles vão aceitar receber o atleta só no fim do ano. Essa é a nossa condição”.

A declaração é de Flávio Adauto, diretor de futebol do Corinthians que conversou com exclusividade com o comentarista Flavio Prado, da Rádio Jovem Pan – a entrevista, na íntegra, vai ao ar no próximo Plantão de Domingo, a partir das 12h30.

O discurso é lindo, extremamente interessante para o clube. Mas e para os atletas? Como aceitar abrir mão de milhões e mais milhões para permanecer no Brasil e correr o risco de nunca mais receber propostas vantajosas do ponto de vista esportivo e financeiro? A tarefa é difícil… Mas Flávio Adauto revelou como o Corinthians tem convencido os jogadores de que ficar no clube pode, sim, ser o melhor negócio.

Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

O principal argumento é de que, permanecendo no Corinthians até o fim do ano, a tendência é de que surjam ofertas ainda mais sedutoras na próxima janela. A boa fase do time, que lidera o Campeonato Brasileiro com incríveis oito pontos de frente, dá força à essa teoria.

“Estamos tentando mostrar que, como campeões brasileiros, como segundos colocados ou com uma classificação à Libertadores no fim do ano, eles terão oportunidades melhores do que agora. Em vez de pensar só na questão financeira, também é importante levar em consideração a vitrine para mostrar o bom futebol”, explicou Adauto.

Até mesmo o exemplo de Rodriguinho tem sido usado no convencimento junto aos atletas. O meia de 29 anos se destacou no ano passado, quando o Corinthians não teve bom desempenho, e recebeu uma proposta interessante do Fenerbahce, da Turquia. Parecia o cenário ideal para ir embora, mas o clube alvinegro não aceitou negociá-lo. Se, na hora, não gostou da decisão, hoje, Rodriguinho é uma das opções de Tite para a Seleção Brasileira e vislumbra melhores transações em um futuro não tão distante.

“Eles sentem isso, também. Fizemos isso com o Rodriguinho no início do ano… Endurecemos a negociação com os pretendentes da Turquia, ele ficou momentaneamente chateado, mas agora vê que agimos corretamente. Hoje, ele pode pensar em receber uma proposta dez vezes melhor para dezembro ou janeiro. É o que falamos para os demais atletas”, contou Flávio Adauto.

Divulgação / Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

Dos jogadores cobiçados pelo outro lado do Atlântico, o mais procurado é Guilherme Arana. O lateral-esquerdo de 20 anos interessa ao Bordeaux, da França, mas o Corinthians já o convenceu de que o melhor é ficar no Brasil até o fim do ano. O valor de mercado do jovem, de acordo com Flávio Adauto, só tende a crescer com as boas atuações no líder do Campeonato Brasileiro.

“Nós temos dito que o Arana é um jogador que vai ficar muito mais valorizado. Temos a convicção de que, daqui a pouco tempo, ele vai se firmar como um dos melhores laterais-esquerdos do Brasil e chegará à Seleção. Ele tem apenas 20 anos… E também sente que, ficando aqui até o fim do ano, vai estar bem melhor preparado para chegar e vencer onde for”.

Por que não aproveitar a boa fase para vender agora?

A resposta para essa pergunta é simples: o Corinthians não quer desmanchar o elenco que lidera o Campeonato Brasileiro com oito pontos de vantagem para o segundo colocado, Grêmio. Além disso, no entanto, há uma questão mais profunda por trás da escolha alvinegra: segundo Flávio Adauto, vender jogadores que se encaixaram tão bem na filosofia de Fábio Carille seria uma espécie de “traição” com a torcida.

“Conseguimos alguma coisa nesse ano a muito custo, trazendo jogadores basicamente em troca de salários, negociando semanas e mais semanas… E praticamente todos que vieram deram certo. Perder isso agora, em um momento de ascensão, em que o time ocupa a liderança do Brasileirão, seria uma traição com a torcida”, justificou.

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