Por que EUA se empenham tanto em prender corruptos da Fifa?
Coube ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos liderar as investigações que prometem culminar com a condenação de diversos dirigentes do alto escalão da Fifa. O maior esquema de corrupção da história do futebol foi desvendado pelos EUA, que, agora, empenham-se em evitar que tudo “termine em pizza”. Mas o que de fato moveu o país mais rico do mundo a “se meter” nas obscuridades de um esporte que nem é tão popular entre as suas fronteiras?
A resposta para essa pergunta está em Zurique, 2010. Foi em 2 de dezembro daquele ano que a Fifa anunciou, em um luxuoso evento na Suíça, que o Catar sediaria a Copa do Mundo de 2022. A eleição do país árabe surpreendeu o planeta e não foi bem aceita pelos EUA, que eram fortes candidatos à vitória e, desde então, dedicaram-se a provar que a escolha não havia sido limpa.
Há, de fato, fortes indícios de compra de votos no pleito. O presidente do Bayern de Munique, Uli Hoeness, já chegou a afirmar que “aparentemente, uma candidatura só pode ser bem sucedida se os pagamentos forem feitos sob a mesa”. Um relatório divulgado pela Fifa em junho, por sua vez, apontou “sérios sinais” de pagamento de suborno a dirigentes, entre eles o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, em troca de votos à candidatura catariana.
A verdade é que muito provavelmente o Catar não teria sido eleito sem corrupção. É de se entender, portanto, que os Estados Unidos ainda não tenham engolido aquela derrota. Os norte-americanos sobreviveram até última rodada do pleito – Austrália, Japão e Coréia do Sul foram eliminados nas três primeiras rodadas – e só perderam para o Catar por seis votos (14 a 8).
A derrota significou um forte baque no projeto dos EUA de virar uma potência no futebol e criou um sentimento de “vingança” e “busca pela justiça” envolvendo a eleição do Catar.
Não é preciso dizer, portanto, que o foco da Justiça americana está em desvendar o que aconteceu no pleito para 2022. Os casos de corrupção descobertos a partir de então foram apenas consequências de um plano ainda mais ousado: o de impedir que a Copa aconteça no Catar. Se ele vai sair do papel, só o tempo, e as investigações, dirão.
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