Prefeito de BH dispara sobre pressão por volta do futebol: ‘É um descolamento total da realidade’

  • Por Jovem Pan
  • 30/04/2020 22h52
Fred Magno/Estadão Conteúdo "Aqui não tem futebol", diz Alexandre Kalil sobre Belo Horizonte

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), não usou de meias palavras para criticar a pressão pela volta do futebol em meio à pandemia do novo coronavírus. Em entrevista à ESPN, o mineiro afirmou que pensar em futebol, nesse momento, é “coisa de débil mental”.

Durante a semana, muitos rumores surgiram em torno de uma possível data para a volta dos campeonatos estaduais. Kalil classifica que a ideia de antecipar o retorno é um “descolamento da realidade”. “O futebol envolve, pelo menos, 200 pessoas num jogo. E mais 11 caras que vão se estapear lá dentro. Vão cuspir no chão, vão cuspir um na cara do outro, vão dar tapa, cotovelada, vão abraçar na hora do gol. É um descolamento total da realidade”, disse, firme.

Ele citou São Paulo como exemplo de estado que já tem que lidar com os efeitos mais severos da pandemia, e afirmou que apesar de nunca ter “apertado a mão” nem do governador ou do prefeito de São Paulo, não é possível pensar em futebol “enquanto o prefeito está comprando saco plástico pra colocar corpo, encostando frigorífico do lado de hospital”.

“Esse povo é louco. Estão comprando saco plástico, estão encostando caminhão frigorífico, estão colocando caixão na rua, fazendo cova rasa, e estão pensando em futebol? Ninguém gosta de futebol mais que eu. Vocês estão achando que eu almoço no domingo com meus filhos conversando de política, de Brasília? Os meninos nem sabem o que é isso. É o papo mais chato que existe. A gente só fala de bola. Mas pensar em futebol, agora, é coisa de débil mental, vocês vão me desculpar”.

O prefeito garantiu que o futebol só volta às atividades na capital mineira mediante decisão judicial. “Quem manda na cidade de Belo Horizonte e está proibindo evento é o prefeito de Belo Horizonte. Se tá achando que vai reabrir, aqui não vai abrir. A não ser que a Justiça abra. O prefeito não vai abrir. Aqui não tem futebol”, disparou.

Ele reiterou que a paralisação afeta outros trabalhadores, além dos clubes. “Todo mundo sabe que não sou modesto e nem demagogo. E o cara que vende churrasquinho, que está liquidado aí na rua? E o cara que tem o barzinho dele, que vende a cerveja gelada? Quem tem muito é que está com muita pressa”, disse. “Aqui na cidade, a Federação Mineira, para mexer com futebol mineiro, vai ter que conversar com o prefeito. Se eles estão achando que vão chegar lá e ‘vai abrir’, não vai abrir não.”

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