Sálvio Spínola: “o ser humano chegou ao limite. O árbitro de vídeo é a solução”

  • Por Jovem Pan
  • 30/09/2017 14h30 - Atualizado em 30/09/2017 15h41
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Fernando Torres / CBF Fernando Torres / CBF Para Sálvio Spínola o árbitro de vídeo vai corrigir e evitar lances importantes e decisivos no futebol

O gol de mão marcado pelo atacante Jô, que garantiu a vitória do Corinthians sobre o Vasco na 24ª rodada do Brasileirão, levou a CBF a solicitar a antecipação do árbitro de vídeo na competição. Entretanto, a falta de condições técnicas e profissionais capacitados para utilizar o equipamento impediram a entidade de colocar a novidade em prática.

O fato serviu apenas para trazer à tona novamente a discussão sobre a implementação da tecnologia. O árbitro de vídeo divide opiniões. Enquanto uns questionam a sua funcionalidade, outros acreditam que ele é a única maneira de melhorar o futebol. Em entrevista ao Mundo da Bola, da Jovem Pan, o ex-árbitro Sálvio Spínola esclareceu dúvidas e se posicionou sobre o assunto.

Melhor solução

Para o ex-árbitro, que trabalhou em jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo, apitou finais de Copa América, Copa do Brasil e Paulistão e atuou como instrutor FIFA, a tecnologia só tem benefícios a oferecer para o futebol. Diferente do que alguns pensam, Spínola explica que o árbitro de vídeo não vai tirar a autoridade do árbitro de campo, nem vai acabar com o debate esportivo.

“Na maioria das regras do futebol, o termo ‘se na opinião do árbitro’ está presente. Portanto, a decisão do árbitro vai continuar acontecendo. Mesmo com toda a capacitação que eles tem, o ser humano chegou ao limite. Não tem mais o que fazer. Temos que encontrar uma solução e ela está no árbitro de vídeo. É um recurso pontual”.

Sálvio Spínola lembrou que uma seleção não pode ser eliminada de uma competição oficial, nem um time pode ser campeão nacional através de erros de arbitragem. Para o ex-árbitro, que atualmente trabalha como comentarista na ESPN Brasil, o vídeo vai corrigir e evitar lances importantes e decisivos.

“O vídeo nunca vai poder corrigir lances interpretativos. Ele vai interferir em lances de matéria exata, de forma pontual. Se a bola saiu ou não saiu, se entrou ou não entrou, se a falta foi dentro ou fora da área. Dos 64 jogos da Copa do Mundo realizada no Brasil, por exemplo, somente em quatro ou cinco o árbitro de vídeo teria sido utilizado”.

Mais dinâmico

O árbitro de vídeo vem sendo discutido pelas federações desde 2012. Como instrutor da FIFA, Sálvio Spínola acompanhou de perto a implementação da tecnologia em algumas competições oficiais, como Mundiais Sub-17 e Sub-20 e Copa das Confederações. Para o ex-árbitro, algumas correções precisam ser feitas ainda, especialmente nos profissionais que vão utilizar o recurso.

“O árbitro e seus auxiliares precisam mudar. O bandeirinha, por exemplo, quando tiver dúvida, terá que deixar o jogo seguir. Hoje é comum o bandeirinha levantar a bandeira quando fica em dúvida. E isso atrapalha o jogo. Sabendo que tem o árbitro de vídeo, a cabeça dos árbitros e auxiliares vai mudar. Se tiver errado, vai seguir e depois corrige”.

Para o ex-árbitro, essa mentalidade tem tudo para deixar o futebol ainda mais dinâmico e a mudança já deve ser vista na próxima Copa do Mundo, em 2018 na Rússia.

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