Primeiro técnico, Sergio Baresi define Lucas Moura como ‘talentoso e predestinado’
Lucas Moura colocou o próprio nome na história da Liga dos Campeões, nesta quarta-feira (8), ao marcar os três gols na semifinal, que classificaram o Tottenham. De acordo com o técnico Sergio Baresi, o primeiro a comandá-lo na base e no profissional do São Paulo, o atacante sempre foi um jogador fadado ao sucesso.
“Depois de passar por um momento muito difícil, como foram as lesões, a sua saída pelos fundos do francês Paris Saint-Germain e de cair no esquecimento dos técnicos da seleção brasileira, Lucas se esforçou sempre para fazer o melhor. Ele é um talentoso e um predestinado”, afirmou Baresi em entrevista à Agência Efe.
O atacante de 27 anos anotou um “hat-trick” e liderou o Tottenham em uma virada histórica na Johan Cruyff Arena, depois que o Ajax foi para o intervalo vencendo por 2 a 0. Graças aos gols do brasileiro, os ‘Spurs’ disputarão a final da Champions pela primeira vez, no dia 1º de junho, contra o Liverpool, que na terça eliminou o Barcelona.
O ex-zagueiro e atual técnico das divisões de base do Guarani, atualmente na segunda divisão, foi o primeiro treinador que acolheu Lucas Moura na categoria sub-13 do São Paulo e, por coincidência, o primeiro que apostou no jogador como titular na equipe profissional.
“Falar de Lucas é muito fácil, pois foi um menino determinado e persistente, que sabia o que queria e treinou muito bem. Teve algum amadurecimento precoce como jogador e como pessoa”, opinou Baresi, que como jogador defendeu São Paulo, Cruzeiro e outros times brasileiros, além de ter jogado no Chile, na Bélgica e na Coreia do Sul.
Na base do Tricolor paulista, Baresi ajudou a revelar jogadores de renome internacional atualmente, como o volante Casemiro, do Real Madrid, e os atacantes David Neres, do Ajax, e Luiz Araújo, do Lille. Sobre Lucas, destacou a inteligência e a dedicação.
“Ele é muito grato a mim por ter otimizado suas caraterísticas no São Paulo. Eu conhecia o talento, a capacidade de decisão, a velocidade de raciocínio em espaço curto e a intensidade do treino. Foi fácil otimizar isso”, destacou o técnico, que o dirigiu durante 16 partidas do começo da carreira.
Em 2010, aos 17 anos, Lucas estreou como profissional sob o comando de Milton Cruz, assistente de Ricardo Gomes, que estava de saída. Entretanto, foi a partir do segundo jogo, já com Baresi como treinador interino, que o atacante apareceu como titular do Tricolor. Na época, ele ainda era conhecido pelo apelido de Marcelinho, por ter começado no esporte em uma escolinha do ex-meia do Corinthians.
“Depois, foi coisa de potencializar o talento, e o (Paulo César) Carpegiani, deu sequência natural ao processo”, lembrou Baresi, referindo-se ao técnico contratado para sucedê-lo.
Dois anos depois, em 2012, o atacante da periferia de Diadema, na região metropolitana de São Paulo, foi transferido por 43 milhões de euros para Paris Saint-Germain, onde teve altos e baixos.
“Foram momentos em que o aconselhamos, e eu o conheço bem. Ele sempre quer fazer o melhor. Com as lesões, perdeu a confiança, mas nunca deixou de se preparar e me pediu para ajudá-lo com um preparador físico particular para uma preparação equilibrada e coerente. Um profissional que até hoje o acompanha”, revelou.
Com a chegada de grandes estrelas ao PSG, como Ángel Di María e depois Neymar, o atacante perdeu espaço. “Ele tomou a decisão inteligente de ir para Londres e demonstrar que era o Lucas não do São Paulo, não do Paris Saint-Germain, mas o Lucas do Tottenham. Mudança de ares é sempre bem-vinda”, considerou Baresi, que comparou com a transferência de Cristiano Ronaldo para a Juventus.
“Cristiano Ronaldo teve a autonomia de sair no melhor momento dele. Já com Lucas foi o contrário. Saiu no pior momento dele no Paris Saint-Germain por circunstâncias muito negativas, inclusive com a comissão técnica, que não o apoiou no momento em que mais precisava. Foi fácil para ele tomar essa decisão, e conversamos que seria uma grande oportunidade para ele”, analisou.
Segundo Baresi, a família e os amigos mais próximos tinham certeza de que na Inglaterra o jogador explodiria, como realmente aconteceu. Por isso, disse ele, confiam que Lucas será convocado por Tite para a Copa América.
“Esperamos que Tite convoque os melhores do momento. Ele é muito coerente em todos os aspectos e sempre reserva duas vagas para os melhores do momento. Para mim, eles são Lucas Moura e David Neres. Sempre que se fala em Seleção Brasileira, falamos dos melhores, e acho que eles estão entre os melhores”, comentou.
Lucas não é titular absoluto no Tottenham, mas ganhou espaço após a lesão do grande nome da equipe londrina, o atacante Harry Kane, artilheiro da última Copa do Mundo. Baresi, que nos últimos cinco anos trabalhou na China e nos Estados Unidos, disse que o brasileiro está com a confiança em alta.
“Ele está tão confiante, querendo tanto a bola, que o jogo (contra o Ajax) fluiu para ele, e por isso ele fez o terceiro gol. É o momento dele, e a fluência e a leitura de jogo dele não tem iguais. Não tenho dúvida da empatia de Lucas com (o treinador argentino Mauricio) Pochettino e com a atmosfera dentro de campo e do vestiário”, afirmou.
Por fim, Baresi declarou que espera que a final da Champions será um jogo aberto, mesmo reconhecendo que o Liverpool é tecnicamente superior.
Com EFE
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