Quem cobra não merece ser cobrado

  • Por Mauro Beting/Jovem Pan
  • 29/03/2018 15h26
Luis Moura/Estadão Conteúdo Liziero, corinthians, gabriel, são paulo O jovem volante Liziero, de apenas 20 anos, jogou muito, mas perdeu o pênalti decisivo do São Paulo na semifinal contra o Corinthians

Contra o Corinthians, na última quarta-feira, em Itaquera, Liziero jogou como se estivesse atuando no time de cima do São Paulo desde 2012. Quando o São Paulo ainda era o que até a bola sabe. E os rivais reconhecem, não essa equipe que os adversários quase chegam a ficar com compaixão (o pior sentimento que um colosso pode inspirar). O moleque vai longe. E era quem menos merecia ter o sonho da final sonegado pelo imenso Cássio, que já defendeu sete pênaltis contra são-paulinos desde aquele 2012.

Até os 47 minutos, parecia que enfim o São Paulo conseguiria eliminar o rival que tanto o aflige, tanto quanto os piores anos da história do clube. Quando uma desatenção numa rara investida eficiente do Corinthians deu no gol dolorido que levou a decisão aos pênaltis em Itaquera.

Diego Souza repetiu a história como tragédia contra o antológico Cássio. Rodriguinho, depois do belo gol de cabeça, também não merecia desperdiçar o pênalti que Sidão defendeu. E menos ainda Liziero merecia chutar o pênalti que Cássio defendeu, a bola ainda bateu na trave, quicou no gramado, e depois raspou a trave esquerda alvinegra.

O São Paulo até se superou. Mas perdeu de novo, como de velho tem perdido, como velhacos tricolores estão fazendo perder tanta história que não se apaga – ainda que muitos desses se apeguem apenas a ela.

Só não pode cobrar e nem perder talentos como Liziero como tem feito demais o Tricolor. Ainda que o clube e Cotia continuem lançando garotos de nível e os negociem às pencas (mas não a preço de banana, registre-se), o São Paulo tem que tentar segurar esse jogador. Ainda mais com esse espírito.

Liziero, não foi nessa noite, e não tem sido nesses dias, meses e anos. Mas, se você ficar por mais tempo, você pode, se não no talento e na história, lembrar Roberto Dias. Um dos maiores nomes da história do clube onde chegou aos 16 anos, onde brilhou por 13. Os dez primeiros sem títulos. Mas jogando como se fosse sempre um campeão.

Mais do que a bola que tem e pode jogar, Liziero tem o espírito que também falta ao time. A vontade de jogar e não se esconder. De se apresentar e não escamotear.

É isso. Um cara que põe a cara e o pênalti para bater. E que não se bata mais nele.

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