Só o futebol nos leva pra rua

  • Por Mauro Beting/Jovem Pan
  • 07/04/2018 09h12
Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians Torcida do Corinthians lota Arena antes de clássico decisivo

O Corinthians pode perder o Derby no domingo na casa do Palmeiras onde tem mais vitórias que o dono dela desde a inauguração, em 2014. Pode empatar o que parece mais provável e perder o campeonato para a equipe de melhor campanha do SP-18. Pode mais uma vez se superar e vencer o adversário que tem mais vitórias no clássico e mais conquistas em confrontos decisivos como esse.
 Pode até a festa maravilhosa da noite de sexta-feira em Itaquera ser igualada no sábado no Allianz Parque pelos palmeirenses que irão ao treino aberto do favorito – dentro do que há de favoritismo em um futebol tão equilibrado, e com história tão parelha desde o primeiro jogo entre eles, em maio de 1917.

Mas o Corinthians, mais uma vez, e como deverá fazer o palmeirense, outra vez, mostrou que futebol vai muito além de o provável 4-4-2 que pode virar 4–2-4 com a movimentação de Jadson e Rodriguinho, essenciais na vitória em Itaquera, no turno. O futebol vai muito além da conquista do bi paulista para o hepta brasileiro. Como também não se encerra para o palmeirense se ele encerrar o jejum estadual que vem desde 2008.

O futebol é o abraço alvinegro na delegação que chegou pela Radial Leste para irradiar Corinthians em todas as direções. O futebol é o palmeirense que, como o corintiano, doou muito mais que um quilo de alimento pelo ingresso só pra ver seu time treinar.

Muito melhor do que isso: só para estar com sua gente.
Até porque a barbarie, a incompetência, o medo e a leniência criaram a monstruosidade da torcida única. Nenhum corintiano poderá se mostrar no Allianz Parque com o que ele tem demais: Corinthians.
Até porque o excesso de apetite e a falta de cabimento para tamanha paixão também deixará a maioria dos palmeirenses fora do estádio. Pela falta de ingressos. Pela falta de dinheiro para pagar ingressos tão caros. E até longe do estádio pela falta de vontade geral de acolher quem não consegue, não pode e, infelizmente, para alguns, não deve fazer festa independente do resultado do lado de fora do estádio.

Se não dá para pertencer aos felizardos que assistirão a uma final ainda aberta mas cada vez mais fechada para os afortunados em qualquer acepção, que se aplauda o povo que foi às ruas. Todas elas.
Se é possível discutir motivos e até mesmo torcidas, é maravilhoso saber que ainda dá para acreditar nesse povo que ainda crê. Que apoia até sem razão.

Só emoção.
Só o futebol. E não só Corinthians x Palmeiras.

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