Teixeira pediu ajuda de ex-presidente do Barça para deixar Brasil sem ser preso

  • Por Estadão Conteúdo
  • 19/01/2018 12h49
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José Cruz / Agência Brasil José Cruz / Agência Brasil Ricardo Teixeira foi indiciado nos Estados Unidos por corrupção

Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, pediu a ajuda de Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, para viajar ao Catar e para a Tailândia sem que fosse preso. O brasileiro foi indiciado nos Estados Unidos por corrupção e correria o risco de ser detido e extraditado para Nova York se saísse do País. Em uma conversa gravada pela Justiça da Espanha, em 2017, Teixeira deixou claro que buscava sair do Brasil e dava duas opções: Catar e Tailândia.

O jornal O Estado de S. Paulo no final do ano, com exclusividade, novas contas relacionadas com Teixeira em Mônaco e depósitos originários do Catar. O ex-presidente da CBF nega qualquer irregularidade.

A existência da conversa já havia sido revelada pela Justiça da Espanha, no ano passado. Mas seu conteúdo era ainda mantido em sigilo. Rosell acabou preso por ser um dos organizadores de uma suposta rede criminosa que usava a seleção brasileira para desviar milhões de dólares. A denúncia foi revelada pelo Estadão em 2013.

Teixeira, no Brasil, recebeu um mandado de prisão internacional. O Ministério Público Federal pediu que o caso fosse transferido ao País e agora avalia medidas.

Nesta sexta-feira, a Justiça da Espanha negou uma vez mais a Rosell um pedido para que ele acompanhe seu processo em liberdade. Para justificar sua manutenção em prisão, os juízes citam textualmente a conversa entre o catalão e o brasileiro, seu parceiro comercial. A conversa seria um indício da capacidade que Rosell teria para escapar da Espanha e evitar uma prisão.

“Ele (Rosell) moveu suas influências para conseguir um refúgio blindado de extradição”, afirma, numa referência a uma conversa mantida por Rosell no dia 16 de abril de 2017 com Ricardo Teixeira.

A conversa cita um certo “Tamine”, sem detalhar quem seria o alvo da influência. O emir do Catar, porém, tem um nome parecido: Tamim bin Hamad Al Thani.

Confira o teor da conversa:

Teixeira – Outra coisa importante que queria te dizer é o seguinte: ele vai conseguir, porque conhece pessoas na Tailândia e Dubai, você sabe, não?
Rossel – Sim, sim.
Teixeira – Ok. Pois me consegue uma licença para que eu vá lá sem que nada me ocorra. Que ruim está o telefone.
Rosell – Não é meu. Mas ir onde?
Teixeira – Ao local.
Rosell – Mas onde? Na Tailândia? Para que você possa ir a Tailândia?
Teixeira – Sim.
Rosell – Maravilha.
Teixeira – Mas o que eu queria não era isso. O que eu queria era que você olhasse a possibilidade de que eu conseguisse o mesmo com Tamine.
Rosell – Ah, sem problemas. Para ir para o Catar?
Teixeira – Sim, sim. Mas quero que me assegura que não me prenderão. E também que não querem entregar as pessoas
Rosell – Não, não, não. Nada. O único lugar que penso que é perigoso para você, logicamente, é na casa dos gringos e, logicamente, na Europa.
Teixeira – Não. Não. Europa, nem falar.
Rosell – E os gringos tampouco, no resto do mundo, em minha opinião, não tem nenhum problema. Mas vamos estar seguros, porque em duas semanas eu estarei lá. Estarei com Tamine e pergunto a ele. Vou pedir. Não perguntar.
Teixeira – Você diz que Ricardo quer ir la, mas necessita uma garantia dele. Você o convida para que ele entre e saia de lá.

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