VAR vai estrear no Brasileirão, mas está em fase de aprimoramento

  • Por Jovem Pan
  • 26/04/2019 10h36
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William Lima/FPF VAR rendeu polêmicas nos estaduais e na Copa do Brasil

O sistema de vídeo arbitragem (VAR, em inglês) finalmente chegará neste ano ao Campeonato Brasileiro, cujo pontapé inicial será dado neste sábado (27), com o jogo entre São Paulo e Botafogo, no Morumbi. A tecnologia ainda está em fase de aprimoramento, então gera grande expectativa na competição.

Há algum tempo o árbitro não conta apenas com um apito e dois cartões. Vieram, entre outras inovações, a comunicação com os auxiliares, a tecnologia na linha do gol, usada em uma Copa do Mundo pela primeira no Brasil, em 2014, e agora a videoarbitragem, que ganhou destaque no Mundial do ano passado, na Rússia.

A nova ferramenta entrou em cena para minimizar possíveis erros do personagem mais criticado do jogo e que muitas vezes é acusado de não ser imparcial. Erros esses que em alguns casos não saem tão facilmente da memória dos torcedores.

Uma das principais críticas ao VAR é a demora na revisão das imagens, que faz com que a partida fique paralisada por mais tempo do que alguns espectadores estão dispostos a esperar. No país, a ferramenta já vem testando a paciência de torcedores e comentaristas desde 2017 em algumas partidas por campeonatos estaduais e regionais e pela Copa do Brasil, mas neste ano estará presente em todos os 380 confrontos pelo Brasileirão.

Ciente das críticas de parte da imprensa ao sistema, a CBF organizou um dia de treinos para que os jornalistas acompanhassem mais de perto como funciona o árbitro de vídeo.

O VAR é um assistente que ajuda a tomar decisões e proporciona auxílio com imagens para aquelas situações que podem escapar ao olho humano, embora a decisão final seja sempre do árbitro principal. São quatro as situações em que a ferramenta pode ser usada: gol, pênalti, cartão vermelho e erro de identificação de jogadores.

Para que o trabalho seja desenvolvido, o VAR conta com dois monitores, um no qual a partida é acompanhada em tempo real e outro no qual é vista com três segundos de atraso, de maneira que sejam supervisionadas as jogadas que levantarem dúvidas.

Além disso, os árbitros na cabine estão em contato contínuo com o juiz principal. Por isso, caso perceba alguma possível infração, pede, em primeiro lugar, que as imagens sejam revistas. Se após a revisão acreditarem que é preciso invalidar o lance, eles comunicam ao árbitro, que pode concordar diretamente ou revê-lo no monitor colocado à beira do gramado.

O VAR conta ainda com dois auxiliares, conhecidos como AVAR, que têm direito a pedir uma revisão de jogadas que passem despercebidas, além de terem que acompanhar o jogo em tempo real quando o VAR estiver revendo imagens anteriores.

Não existe um tempo máximo para as revisões, mas a ideia é que sejam feitas o mais rapidamente possível. É nesse ponto que surgem mais críticas, embora a CBF destaque: “É mais importante a precisão que a pontualidade”.

Heber Roberto Lopes será o primeiro a atuar como árbitro de vídeo no Brasileirão, auxiliando Caio Max Augusto Vieira no confronto entre São Paulo e Botafogo, na capital paulista.

Heber disse à Agência Efe saber da responsabilidade que tem ao ser o primeiro a comandar o VAR na principal competição do país, mas salientou que confia que a preparação pela qual passou o habilita para o trabalho.

“É importante a comunicação com o árbitro, que tem que continuar trabalhando como se não houvesse VAR, atuar com tranquilidade e ao mesmo tempo confiando que uma ferramenta vai lhe auxiliar”, declarou o árbitro.

“A comunicação é importante, porque não posso chamar o árbitro para falar de um lance com palavras que vão lhe induzir ao erro. Tenho que dar imagens para que ele faça uma avaliação em relação à jogada anterior. A comunicação é de suma importância para que esses erros sejam corrigidos e o jogo corra de uma forma mais justa”, acrescentou.

Por sua vez, o chefe do departamento de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, disse que a versão atual do VAR é o melhor resultado obtido pela confederação, que, segundo ele, confia no protocolo para a melhora do sistema.

O ex-árbitro e ex-comentarista lembrou que, caso a ferramenta falhe, o jogo voltará às suas raízes, sem tecnologia, mas avisou que não há riscos porque nos treinamentos todas as possibilidades são estudadas. São realizados simulacros de pequenos e grandes jogos, a comunicação entre o VAR e o árbitro é trabalhada e também são reproduzidos lances específicos.

“O peso da responsabilidade é muito grande para um árbitro. Não é um trabalho simples, e o Brasil é o primeiro país da América a utilizar essa ferramenta no seu campeonato principal”, enalteceu Gaciba.

Com EFE

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