Gallo critica trabalho de base no Brasil: “focado em venda e não em formação”

  • Por Jovem Pan
  • 29/08/2015 14h19
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Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação Alexandre Gallo Alexandre Gallo

Passados três meses de sua saída das categorias de base da Seleção Brasileira, o técnico Alexandre Gallo tem muita preocupação com a formação de jogadores no futebol brasileiro. Em entrevista aos repórteres Wanderley Nogueira e Eduardo Mainardi, da Rádio Jovem Pan, Gallo destacou o trabalho de base feito em países como Costa Rica e Colômbia, e criticou a falta de profissionalismo na formação de atletas no Brasil. O técnico ainda revelou contato com grandes clubes brasileiros para voltar a trabalhar, mas mostrou seu desejo de se aventurar no exterior.

“Eu estive uma vez no México em contato com todas as seleções sul-americanas, fizemos uma reunião com treinadores e coordenadores para sabermos como todos estavam trabalhando”, disse. “Me assustou bastante ver principalmente equipes como a Costa Rica evoluindo muito a questão da formação dos atletas, eu gostei bastante do trabalho deles, e também dos colombianos que estão com um trabalho muito bom na base”, completou o ex-comandante das seleções de base da CBF.

“Eles estão trabalhando e investindo muito nessa questão e efetivamente estão nos incomodando e vão nos incomodar cada vez mais se não houver as mudanças necessárias para que o Brasil possa focar um pouco mais na base, para que os atletas possam ficar mais no Brasil, e isso tudo demanda mudanças de leis importantes que vão acabar complicando a questão financeira dos clubes e do país”, destacou Gallo.

Comandante das seleções de base da CBF entre 2013 e 2015, Gallo destacou que o foco da formação dos jogadores brasileiros está errado e ressaltou que o Brasil ainda é um grande celeiro de bons jogadores.

“Em média, acho que o futebol passa por um problema social muito grande. Acho que o atleta brasileiro hoje não tem a qualificação técnica pra que ele suba em boas condições. Hoje o mais importante é o colocar o jogador o mais rápido possível para se vender. Então a base no Brasil é focada em cima disso: venda e não em formação”, afirmou.

“Brotam talentos sim. Pode ver a ultima Liga dos Campeões a quantidade de atletas brasileiros jogando na Europa. Fiz um mapeamento, encontramos quase 160 atletas jogando entre sub-15 e sub-23 na Europa e jogando em grandes clubes. Fizemos esse mapeamento para não perder talentos importantes, como no caso do Manchester United, o Andreas Pereira. A questão é que nossos adversários, tanto sul-americanos quanto europeus, dão essa qualificação muito mais cedo do que nós. A Alemanha começa no sub-5, Espanha sub-8. Existem vários detalhes que as equipes europeias e sul-americanas estão na nossa frente na questão da formação”, completou.

Demitido da CBF em maio de 2015, Gallo destacou que aproveita o período para descansar. O treinador revelou que recebeu propostas de dois grandes clubes brasileiros, mas que seu desejo no momento é trabalhar fora do país.

“Logo que saí da Seleção, acabei indo viajar. Recebi proposta de um clube pequeno dos Emirados Árabes, aqui no Brasil tive duas conversas com o Santos e com o Vasco da Gama. E estou aguardando, dando um tempinho. Completei três meses da minha saída. Com meus contatos, estou tentando dar uma saída, ficar um tempinho lá fora, já tive a oportunidade de trabalhar no Japão e nos Emirados, queria dar essa saída. Mas se não acontecer, não tenho problema nenhum em recomeçar aqui no Brasil em algum outro clube e até agora preferi esperar”, finalizou o treinador de 48 anos.

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