Grupo preso pela PF já preparava atos terroristas no Brasil, diz ministro

  • Por Jovem Pan
  • 21/07/2016 12h03
Brasília - O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, participa da cerimônia de posse de novos secretários (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil Alexandre de Moraes

A 15 dias do início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, confirmou, em entrevista coletiva em Brasília, que dez brasileiros foram presos suspeitos de elo com o Estado islâmico. A Operação Hashtag expediu 12 mandados de prisão temporária com base na lei antiterrorismo. Dois suspeitos seguem rastreados, mas ainda não foram presos.

Segundo o ministro, não havia contato direto entre o grupo e o Estado Islâmico, mas os suspeitos se comunicavam entre si via grupos de aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram. “O momento que foi importante para a ação imediata da polícia foi quando saiu a ideia de que o Brasil não era um País neutro” e que, por decorrência da realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, poderia virar um alvo, destacou.

Alexandre de Moraes reiterou durante a entrevista que os suspeitos “passaram de simples comentários sobre Estado Islâmico para atos preparatórios. A partir do momento que passaram para atos preparatórios, saíram daquilo que é quase uma apologia ao terrorismo, foi feita prontamente a atuação por parte do Governo federal”.

“A partir do momento que isso passa para atos preparatórios, é necessária uma atuação mais pontual e drástica”, justificou o ministro. “A grande diferença entre combate ao terror e qualquer outro crime é o ato preparatório. Só é possível pedir prisão temporária, por qualquer crime, se tiver atos executórios. A lei [antiterrorismo] permite a prisão em atos preparatórios”, completou.

Segundo o monitoramento feito, as comunicações entre os suspeitos colocavam o Brasil como um País fora da “coalizão contrário ao Estado Islâmico” e que se ocorresse algum ato terrorista, este seria no exterior.

O ministro destacou que o ato de um dos suspeitos fez levantar a suspeita dos órgãos antiterror. “Um deles entrou em contato com um site de armas clandestinas do Paraguai solicitando um fuzil AK-47. Conseguimos rapidamente rastrear. Esse momento foi crucial porque mostra o ato preparatório”, disse.

Os suspeitos, nas conversas monitoradas, também demonstraram comemorações frente aos atentados cometidos em Orlando, na boate Pulse, e em Nice, na França. “Eles partiram já para atos não só preparatórios, mas também para um agravamento do discurso”.

“Em um determinado momento, após esses atos preparatórios, ao dizer que o Brasil não fazia parte da coalizão contrário ao EI, eles reafirmaram isso. mas, em virtude da proximidade das Olimpíadas, como ia receber vários estrangeiros, o Brasil estaria dentro do alvo dessas pessoas. Mas não houve um alvo específico”, pontuou.

Além das prisões, foram apreendidos equipamentos, computadores e celulares. “É prioridade total para a perícia em tudo o que foi apreendido. Até para verificar se há mais ramificações ou não, ou se nosso rastreamento deixou algo passar ou não”, disse.

Esta é a primeira vez que prisões são feitas no Brasil com base na lei antiterror. “É o primeiro caso para todos nós”, confirmou o ministro que se comprometeu a informar à imprensa toda e qualquer nova informação acerca do tema terrorismo. “Às vezes uma informação, mesmo verdadeira, divulgada um dia antes ou dois acaba atrapalhando toda a investigação. Se a informação for verdadeira, será dita”.

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