Grupos sociais justificam protestos contra Copa por corrupção em obras

  • Por Agencia EFE
  • 06/06/2014 18h18

Rio de Janeiro, 6 jun (EFE).- O Comitê Popular para Copa e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, que coordena vários protestos contra os eventos esportivos que serão realizados no país, denunciou nesta sexta-feira que apenas quatro empresas brasileiras detêm a maioria dos contratos de obras públicas para as competições e que há indícios de formação de cartel.

As denúncias foram feitas durante a apresentação do terceiro relatório “Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos”, no qual justificaram sua decisão de liderar os protestos contra o Mundial pelos supostos desvios de recursos públicos que, alegam, ocorreram durante a organização deste tipo de evento.

A organização social pediu ao governo que averigue um possível cartel que, na sua opinião, seria formado pelas quatro principais empresas: Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e OAS.

“Não estamos assegurando que haja um cartel formado, mas sim dizemos que há fortes indícios disso”, assegurou João Roberto Lopes, um dos representantes do movimento.

“Dizemos que os indícios são fortes porque estão em todos (os contratos de obras para o Mundial) e porque aparecem juntas em várias obras e estão junto com um grupo que é dono de várias empresas de transporte, que é parceiro de todas em diferentes projetos”, comentou.

O relatório apresentado hoje é o terceiro realizado por este comitê -os anteriores são de 2011 e 2012-, e foi elaborado por coletivos, movimentos sociais, institutos de pesquisa e representantes de comunidades que participam do Comitê Popular da Copa e as Olimpíadas de Rio.

No documento são denunciados os problemas provocados pelos grandes eventos como o Mundial e os Jogos Olímpicos sobre a cidadania.

Nele também são abordados outros assuntos derivados da organização do Mundial, como por exemplo o despejo de famílias devido às obras que estão sendo realizadas e que afetam, segundo os dados publicados no relatório, cerca de 10 mil famílias que já foram expulsas de suas casas ou que estão ameaçadas.

“Não somos contra os eventos esportivos, mas eles provocam a realização de medidas questionáveis”, afirmou Giselle Tanaka, membro do comitê, que também assegurou que “por isso, a população foi às ruas no passado e, por isso, iremos à rua durante o Mundial”.

Outro dos temas que foram abordados neste relatório é o aumento do preço da moradia, já que, segundo o dossiê, entre abril de 2011 e o mesmo mês de 2014 o preço dos aluguéis subiu 43,3% enquanto o aumento do preço de compra de casas aumentou 65,2% no mesmo período.

“O Rio de Janeiro está ficando uma cidade cada vez mais cara e desigual, e o carioca também sofre na hora de pagar a conta nos restaurantes”, destaca o relatório, que também se refere ao aumento dos preços nesses estabelecimentos.

Neste dossiê também estão documentadas questões relativas a políticas de residência, mobilidade, esporte, meio ambiente, segurança pública, informação e participação e orçamentos e finanças no contexto dos grandes eventos que acolherá ou dos quais fará parte Rio de Janeiro. EFE

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