Hegemonia, falta de emoção e tecnologia demais: a Fórmula 1 está ficando chata?

  • Por Jovem Pan
  • 16/03/2016 22h32 - Atualizado em 06/11/2017 11h38
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EFE Lewis Hamilton venceu as duas últimas temporadas da Fórmula 1; hegemonia da Mercedes é um dos problemas

Os mais velhos costumam se lembrar com saudades dos grandes tempos da Fórmula 1. Dos tempos em que as corridas eram mais emocionantes, cheias de ultrapassagens e reviravoltas, e desfilavam pelas pistas lendas como Jackie Stewart, Niki Lauda, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Alain Prost e Ayrton Senna.

Não tem sido mais assim: desde o fim dos anos 1990, quando a categoria passou por uma modernização, muita coisa mudou. “A Fórmula 1 ficou complicada, muito chata. Isso afasta o público. Não precisa ser simples como o futebol, mas não dá para ser tão complicada de entender”, analisa Felipe Motta, comentarista da Rádio Jovem Pan e especializado no esporte.

Uma das críticas que se faz ao atual modelo é que a habilidade dos pilotos para fazer ultrapassagens não é mais decisiva. O que determina os vencedores das provas, e consequentemente dos campeonatos, é a estratégia para poupar pneus e combustíveis e, principalmente nos dois últimos anos, a capacidade dos motores.

O jogo de um time só

Mais recentemente, para piorar, veio a hegemonia de uma equipe. Com carros muito superiores aos rivais, a Mercedes dominou a Fórmula 1 em 2014 e 2015. Ambas as temporadas foram vencidas por Lewis Hamilton com o companheiro Nico Rosberg na segunda colocação. Na temporada passada, especialmente, praticamente não houve competição: o inglês conquistou o título na décima sexta das dezenove corridas.

Essa falta de competitividade e de emoção afeta a audiência. De 2013 para 2014, por exemplo, o número de espectadores da F-1 caiu em 5% no Reino Unido, apesar do britânico Hamilton ter levado o caneco. No mesmo período, a audiência mundial caiu de 450 para 425 milhões de pessoas. Enquanto isso, no Brasil, a Rede Globo, principal transmissora da categoria, deixou de transmitir os treinos completos – fato que se deve, também, ao fato de não haver nenhum brasileiro brigando pelo título.

A diretoria da Fórmula 1 reconhece estes problemas. Em 2015, o “chefão” Bernie Ecclestone reconheceu que não pagaria “um centavo” para levar sua família para assistir a uma corrida. Além disso, segundo ele, as duas últimas temporadas foram as piores da história. E parece que vai continuar assim, com a Mercedes no topo. Apesar do discurso “humilde” da equipe, Hamilton admitiu o carro de 2016, o W07 Hybrid, “parece melhor inclusive que o do ano passado quanto a rendimento e confiabilidade”. Por isso, a esperança fica só para o ano seguinte.

A esperança mora em 2017

Para 2016, pouca coisa vai mudar na Fórmula 1 – entre elas, a limitação nas comunicações por rádio entre pilotos e engenheiros e o modelo de disputa nos treinos. Entretanto, em relação a 2017, as transformações devem ser bem maiores. O Grupo de Estratégia ainda não definiu exatamente quais serão elas, mas pilotos já a elogiaram, como Fernando Alonso, que declarou esperar uma “revolução”. Para Felipe Motta, essa pode ser mesmo a solução. “É muito difícil, se não mudar o regulamento, haver uma mudança grande entre os vencedores”, afirma.

As mudanças apostam justamente na volta ao passado. A ideia é que os carros se tornem mais rápidos, agressivos, difíceis de controlar e barulhentos – o alto som dos motores é um dos pontos mais abordados pelos saudosistas. A expectativa é que a velocidade aumente entre cinco e seis segundos. Para isso, as medidas passarão por diversas áreas, como a grossura dos pneus, a potência das unidades motrizes e uma “revolução” na aerodinâmica. É esperar para ver.

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