Herói da “batalha dos Aflitos”, Anderson chega ao Inter com status de ídolo gremista

O sucesso de Anderson no Grêmio atrapalhará seu recomeço no Internacional?

A ida do meia Anderson para o Internacional, confirmada nesta semana, seria apenas mais um retorno de brasileiro que foi para a Europa, não vingou e tentará recuperar o sucesso em sua terra natal. Mesmo o fato de jogar no rival do time que o revelou não quer dizer muita coisa – recentemente, Bruno César foi emprestado ao Palmeiras, e sua passagem de sucesso pelo Corinthians anos antes não causou grande polêmica. Mas o caso de Anderson é diferente porque o jogador se tornou um símbolo do Grêmio, símbolo de um jogo que foi batizado de “batalha” e recolocou o tricolor gaúcho na elite do futebol brasileiro.

A Batalha dos Aflitos

Pois, para um time grande, pior do que cair para a segunda divisão é permanecer nela por mais de uma temporada. O perigo era real para o Grêmio naquele 26 de novembro de 2005. O time não poderia perder para o Náutico, nos Aflitos, para conseguir o acesso à Série A. Já o time pernambucano, precisa da vitória. Vitória que pareceu mais próxima aos 33 minutos do primeiro tempo, quando Bruno Carvalho foi para cobrança de pênalti. Mas ele errou, e o jogo seguiu 0 a 0. No segundo tempo, nova chance na marca de cal, o que desencadeou uma confusão enorme. Jogadores gremistas tentaram agredir o árbitro Djalma Beltrami, e após 25 minutos de paralisação, o Grêmio se encontrava com quatro jogadores expulsos.

Empurrado pelo estádio lotado, Ademar foi para a cobrança aos 54 minutos do segundo tempo, e Galatto inacreditavelmente defendeu com os pés. Na sequência, Batata parou contra-ataque gremista e foi expulso. Os jogadores do Naútico tentavam se acalmar quando Anderson apareceu livre na área e, com um toque de perna esquerda, tirou do goleiro Rodolpho para marcar o gol da vitória.

A história parece um roteiro de filme, e não à toa virou documentário. Anderson se tornou o símbolo daquela conquista heroica e chamou a atenção do mundo. Em 2006, com 18 anos, o meia foi vendido ao Porto. No ano seguinte, foi contratado pelo poderoso Manchester United. Entretanto, as expectativas não foram correspondidas, e o gaúcho teve dificuldades no time inglês. Atrapalhado pelas lesões e pela irregularidade em campo, ele foi perdendo espaço até finalmente ser negociado em 2015.

Anderson carrega não apenas uma passagem pelo Grêmio. Ele representa o sabor da vitória após uma batalha épica; está marcado na memória afetiva do torcedor gremista. Sua ida ao Inter talvez possa ser comparada com a transferência de Paulo Nunes do Palmeiras para o Corinthians. São casos em que o passado é difícil de evitar, e que os conflitos internos são inevitáveis. Por isso, a expectativa é grande para ver qual Anderson jogará pelo Colorado – o do começo da carreira ou o atual, um meia de 26 anos apagado. E também para ver a reação da torcida do clube onde foi ídolo, se sua história até então eterna será esquecida por conta da ida ao rival.

Veja o vídeo abaixo e relembre a “Batalha dos Aflitos”