Ídolo de dois clubes, Pita relembra momento no Santos e no São Paulo

  • Por Felipe Motta
  • 24/08/2014 14h45

Pita relembra dificuldades para usar a 10 de Pelé e transferência para o São Paulo

Folhapress Pita relembra passagem pelo Santos e São Paulo

Poucos jogadores tiveram tantas responsabilidades em sua carreira no futebol quanto o meia Pita. Um dos primeiros sucessores de Pelé, o jogador marcou época no Santos, sendo campeão paulista em 1978 e vice-campeão brasileiro em 1983. Dali, o armador saiu da Baixada Santista liderar o lendário São Paulo dos Anos 80, que conquistou dois Paulistas e um Brasileiro.

Em conversa com a Jovem Pan, o ex-jogador relembrou como foi atuar nas duas equipes, e como era difícil vestir a 10 de Pelé no Santos nos Anos 70, até mesmo com uma dose de preconceito da torcida.

“O Pelé parou em 74, teve uma crise muito grande no Santos até o título. Todos que chegavam a vestir àquela camisa, se fosse negro então, saia vaiado. Depois eu subi no momento certo, quando a torcida já estava conformada que não surgiria um novo Pelé e consegui vestir a camisa, e sendo campeão logo no primeiro ano eu fiquei marcado no Santos com a camisa 10”, contou Pita.

“Quando os jogadores negros vestiam aquela camisa eles achavam que ia sair um novo Pelé, pois estava muito recente na cabeça os títulos que o Rei ganhou. Então quando subi, branco, canhoto que não tinha nada a ver com o Pelé facilitou a minha subida. E também eles viram que não ia surgir um novo Rei”, completou.

Mesmo sendo um dos grandes nomes do time alvinegro no vice no Campeonato Brasileiro de 1983, Pita não pensou duas vezes em mudar de ares, desta vez para o rival São Paulo.

“Naquele momento fizemos uma grande campanha em 83, quando fomos vice-campeões do Brasileiro, então quando virou o ano antes do paulista houve uma procura do São Paulo, me ligaram, conversamos bastante, e não estava conseguindo acertar uma grande renovação. O São Paulo veio, e não só pensando em dinheiro, era o momento certo para sair, e isso fez a minha ida para o São Paulo. O clube fez de tudo para eu ir, para isso ofereceu o Zé Sérgio, Humberto e mais uma quantia em valor”, relembrou Pita, que não esconde que aquela equipe tricolor foi uma das melhores que já atuou.

“O time talvez mais completo, em todas as opções casou, deu certo. Jogadores que tinham experiência com jovens talentos. Acredito que o São Paulo foi o mais consistente em todas as posições”, disse o meia.

Referência na posição, Pita acredita que o desaparecimento dos bons armadores não é reflexo da queda de qualidade da posição, mas sim do futebol brasileiro no geral, que dificulta muito para que a bola chegue com qualidade no campo de ataque.

“O futebol mudou, tem que ter uma dinâmica de jogo bom. Mas o futebol brasileiro teve uma queda muito grande de nível técnico, muitos jogadores que não tem qualidade de jogar em time grande estão, e isso prejudica os grandes jogadores.Você a Alemanha, tinha volantes extraordinários, zagueiros extraordinários e jogadores que saiam lá de trás tocando, isso facilita para os meias”, explicou.

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