“Imprensa adversária” x “injustiça”: Evair e Paulo Sérgio relembram final de 93

  • Por Fernando Ciupka/Jovem Pan
  • 09/06/2016 19h57
Divulgação/Palmeiras e Reprodução Evair comemora gol do título contra o Corinthians; Paulo Sérgio pouco antes de levar entrada criminosa de Edmundo

Palmeiras e Corinthians sempre vai ser um jogo diferente, mas o do próximo domingo terá um ingrediente a mais. Trata-se do primeiro dérbi no dia 12 de junho desde 1993, data em que o Palmeiras bateu o maior rival na final do Campeonato Paulista e saiu de uma fila de 17 anos sem títulos.

A goleada por 4 a 0 aplicada pelo alviverde é lembrada até hoje por palmeirenses e corintianos. Considerada a partida “mais importante” para um e “injusta” para outro, jogadores de ambas as equipes relembram o episódio de uma maneira especial.

Um dos ídolos palmeirenses da década de 90, o atacante Evair, autor de dois gols na final de 93, conversou com exclusividade com a Jovem Pan Online e classificou o título como o de maior relevância de sua história e lembrou as dificuldades enfrentadas pelo Palmeiras, inclusive fora do campo, quando o time do Palestra Itália teve a imprensa como “adversária”. Segundo o ex-jogador, diversos boatos rolavam na mídia, até de que não existia amizade dentro do elenco campeão, o que era “95% mentira”.

“A gente tinha um carinho, sim. Um respeito um pelo outro. Dentro do futebol brasileiro, sulamericano, se você não tiver o mínimo de união e vontade de estar junto, você não ganha. (…) O que existia era uma determinação, uma vontade muito grande de vencer, um comando que sabia e se responsabilizava pelas situações, e uma imprensa querendo que o Palmeiras continuasse na fila. E nós decidimos que aquilo ia acabar. Então, de tudo quanto é maneira existia algum comentário maldoso”, disse o ídolo do Palmeiras.

“A parte que é verdade é que existiam jogadores mais novos e mais experientes, aqueles que aceitavam bem as críticas e outros que não”, completou.

Lembrança boa para um, nem tão feliz para outro. O atacante Paulo Sérgio, jogador do Corinthians em 93, também falou com exclusividade à Jovem Pan Online e se recorda do dia com uma mágoa com a arbitragem da partida, que teve José Aparecido como responsável por apitar a decisão. Segundo o ex-jogador, alguns fatores deixaram o elenco corintiano entristecido, como a expulsão do zagueiro Henrique e a não expulsão de Edmundo, que protagonizou com o atacante do alvinegro um lance polêmico do jogo, no qual o palmeirense aplicou um carrinho violento em Paulo Sérgio. Fatores estes que deixaram “um gosto amargo” para o então atacante do Corinthians, e até um sentimento de injustiça.

“Eu creio que alguns cartões e algumas expulsões foram injustas, a própria entrada do Edmundo, deixou passar batido…então, algumas coisas naquele jogo nos deixaram entristecidos mesmo. Nós entramos no vestiário e ficamos muito tristes por todo o acontecimento. Se dependesse de nós, o placar não seria aquele do final. Mas, infelizmente, o Aparecido não estava em um bom dia. (…) Mas foi um ano que pra mim deixou um gostinho bem amargo, porque nós tínhamos grandes chances ali de sermos campeões”, desabafou o ex-jogador.

“Pelo que nós fizemos no primeiro jogo, e o segundo jogo perdemos porque a arbitragem atrapalhou bastante, eu acho que foi injusto, sim”, ressaltou.

Provocação: de 93 a 2016

Após 23 anos, os ex-jogadores têm opiniões semelhantes quando o assunto é provocação. À época, um dos momentos marcantes da final foi a imitação do porco feita pelo atacante Viola após marcar o gol da vitória do time alvinegro na primeira partida da final. Evair lembra que o acontecimento virou tema de palestra pré-jogo, já Paulo Sérgio recorda que era uma prática normal feita pelo time do Corinthians. Mas ambos não acreditam que no próximo domingo as provocações podem ser mais exaltadas como foi no passado.

“São momentos muito diferentes, 23 anos atrás era uma coisa, hoje a realidade é outra. Eu acho que o que fica mesmo é no coração do torcedor”, afirmou o camisa 9 do Palmeiras em 93.

“Bem diferente. Os jogadores hoje não usam mais esse modo de mexer com o jogador do outro lado. Hoje em dia o futebol está de uma forma que, se um jogador falar, o outro já acha que está agredindo e não é isso. Então eu creio que hoje o futebol já mudou muito as suas características do passado”, disse o ex-jogador do Corinthians.

Quem ganha?

Um jeito mais tranquilo de um lado e uma forma mais arrojada do outro, exatamente como eram em campo: é isso que se nota quando os ex-jogadores de Palmeiras e Corinthians são questionados sobre o palpite para o clássico de domingo. “Espero uma vitória do Palmeiras, 1 a 0”, arriscou Evair. “Meu palpite é 3 a 1 pro Corinthians”, chutou Paulo Sérgio.

O dérbi de domingo leva, além da data histórica para o jogo, um tabu para os dois lados: o Palmeiras ainda não venceu o Corinthians jogando em seu novo estádio. Uma vitória corintiana (0 a 1) e um empate (3 a 3). Já o Timão não bate o Verdão há mais de um ano. A última vitória corintiana foi justamente na casa dos alviverdes, no dia 8 de fevereiro de 2015. O jogo é um confronto direto na briga pelo título do Brasileirão. O time do Parque São Jorge é o líder, com 13 pontos, enquanto o rival do Palestra Itália é o quarto colocado, apenas um ponto atrás dos alvinegros.

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