Invasão argentina transforma Sambódromo do Rio em “Tangódromo”

  • Por Agencia EFE
  • 12/07/2014 17h15

Carlos A. Moreno.

Rio de Janeiro, 12 jul (EFE).- A chegada em massa de turistas argentinos ao Rio de Janeiro para assistir dentro ou fora do Maracanã à final da Copa do Mundo transformou o Sambódromo em “Tangódromo”, o boêmio bairro da Lapa em uma filial de San Telmo, e Copacabana no centro de Buenos Aires.

“Estamos no Rio de Janeiro ou em Buenos Aires?”, essa era a pergunta mais repetida entre os cariocas que foram se divertir na sexta-feira à noite nos bares de Lapa ou nos restaurantes de Copacabana. Afinal, o idioma dominante nas conversas era o espanhol, e as cores mais vistas eram o branco e azul.

Qualquer um que fosse caminhar pela orla de Copacabana iria obrigatoriamente se deparar com um grupo de argentinos se divertindo, tomando mate e cantando o “hino” que se transformou na música mais cantada nas ruas do Rio de Janeiro nos últimos dias.

“Brasil decime qué se siente, tener en casa a tu papá” (“Brasil, me diga o que sente por ter em sua casa seu carrasco”, em tradução livre), música que os jogadores da seleção argentina cantam nos vestiários; que Diego Armando Maradona entoa nos seus programas de televisão e que, após citar façanhas futebolísticas argentinas sobre o Brasil, conclui com a provocativa frase: “Maradona é melhor que Pelé”.

A música ecoou na tarde dessa sexta-feira por várias ruas quando uma multidão de torcedores argentinos tomou a praia de Copacabana com tambores e mostrou que quem manda nas areias mais famosas do Brasil, neste momento, não são os brasileiros.

A mesma música era entonada por centenas de argentinos que caminhavam pelas ruas da Lapa e que pararam totalmente o trânsito do boêmio bairro do Rio de Janeiro.

“Vim com um grupo de amigos de carro e já fiz dezenas de amigos aqui na Lapa. Nunca imaginei que algum dia viria ao Rio de Janeiro e que iria desfrutar desta festa argentina”, disse à Agência Efe Martín, um adolescente nascido em Rosário.

As autoridades brasileiras calculam que mais de 100 mil argentinos, a imensa maioria sem ingressos, estarão no Rio para a final de domingo no Maracanã. Mas esse número pode ser ainda maior. Só na sexta-feira, centenas de argentinos faziam filas de até três horas nas fronteiras entre os países para tentar entrar no Brasil.

A Polícia Rodoviária Federal teve que triplicar seu efetivo para tomar conta dos trailers, ônibus e veículos que atravessam o sul e o sudeste do Brasil em uma viagem de mais de 3 mil quilômetros e 30 horas de duração até Rio de Janeiro.

Em junho, a prefeitura transformou o Terreirão do Samba, espaço para festas durante o carnaval, em um imenso estacionamento ao ar livre para os veículos argentinos. O local ficou lotado, e a prefeitura decidiu na sexta-feira abrir as portas do Sambódromo, avenida por onde desfilam as escolas de samba durante o carnaval, aos argentinos.

O local foi transformado em um verdadeiro “Tangódromo”, com centenas de veículos e barracas de camping onde músicas argentinas dominam o ambiente e é possível ver vários de turistas fazendo churrascos ao ar livre, grupos em volta de fogueiras tocando violão e cantando os hinos de apoio à sua seleção.

Como o Sambódromo também ficou pequeno para a invasão argentina, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou neste sábado que também irá transformar em estacionamento as áreas próximas ao Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, a “Feira de São Cristóvão”.

“Eles não serão obrigados a pagar nada. Apenas terão que mostrar um documento para comprovar que são argentinos. Assim, eles poderão utilizar a infraestrutura do centro, como banheiros, restaurantes e segurança 24 horas”, afirmou o secretário municipal de Turismo, Antônio Pedro Figueira de Mello.

De acordo com estatísticas da Polícia Federal, apenas em junho 101 mil argentinos entraram no Brasil. Quase a metade deles (40.357) passou pelas fronteiras terrestres no sul do país. O êxodo argentino se multiplicou com a classificação da seleção de Lionel Messi à final da Copa. Apenas na sexta-feira, cerca de 7.100 vizinhos entraram no país pelas fronteiras terrestres no sul.

As autoridades anunciaram na sexta-feira que farão, neste final de semana, a maior operação de segurança da história do Rio de Janeiro. Aproximadamente 26 mil policiais e soldados estarão mobilizados para garantir a ordem antes, durante e após a final do Mundial. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.