Jamil Chade acredita em delação premiada para Marin e garante: “teve propina com outro dirigente da CBF”

  • Por Jovem Pan
  • 28/10/2015 14h41
***FOTO DE ARQUIVO*** RIO DE JANEIRO,RJ, 28.06.2013 - FIFA-DIREÇÃO - José Maria Marin ex presidenta da CBF (D) e Joseph Blatter presidente da Fifa e outros dirigentes foram detidos nesta quarta-feira (27) pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos. Os cartolas são investigados pela justiça americana em um suposto esquema de corrupção. Na foto de arquivo José Maria Marin presidente da CBF durante coletiva de imprensa após a reunião do Comitê Organizador da Copa das Confederações da FIFA no Estádio do Maracanã no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 28. (Foto: Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress) Folhapress Em prisão domiciliar nos EUA

Após cinco meses preso na Suíça por envolvimento no escândalo de corrupção que manchou a história da Fifa, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, finalmente teve confirmada sua extradição para os Estados Unidos. Segundo o repórter Jamil Chade, correspondente do jornal O Estado de S.Paulo na Suíça, a ida do cartola para os EUA significa uma ameaça direta ao atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.

“Tudo isso representa uma dificuldade para quem ainda está no poder no Brasil, Marco Polo Del Nero. Ele esperava uma definição de Marin para decidir se voltaria a viajar e se continuava na Fifa”, explicou Jamil em entrevista exclusiva ao Esporte em Discussão, da Rádio Jovem Pan.

“Com essa decisão, ficam claras duas coisas: a primeira é que Marin será questionado sobre Del Nero, não há duvida. A segunda é que Marin compartilhou a propina com outro dirigente da CBF. Não saberia dizer quem é, mas fato é que a propina não parou só em Marin”, completou o jornalista.

Segundo Chade, o tempo na prisão afetou o ex-dirigente brasileiro que teve sua saúde debilitada nesse período. A possibilidade de aguardar o julgamento em sua casa, nos Estados Unidos, foi preponderante para que Marin aceitasse a extradição.

“Se ele recorresse, o caso seria prolongado por mais 4 ou 5 meses na Suíça. Com a extradição ele (Marin) abre a possibilidade de um acordo com os americanos que permitiram permanecer em sua casa em Nova York aguardando o processo. Teria que pagar cerca de 10 milhões de dólares, mesmo valor do acordo feito com Jeffrey Webb, primeiro dirigente extraditado, que pagou essa quantia como fiança. Marin teria de dar 7 milhões de dólares e seu próprio apartamento em Nova York que seria confiscado”, comentou.

“Esses R$ 40 milhões se referem apenas à fiança. No caso do Webb, ele entregou casas, carros de luxo e até aliança da esposa. Tudo que ele tinha de bens materiais, inclusive contas que foram bloqueadas. O mesmo deve acontecer com Marin. Quanto à multa final, se for condenado, vale lembrar o valor cobrado de J. Hawilla: quase R$ 500 milhões em multa quando o caso foi concluído. Duvido que Marin tenha uma multa do mesmo tamanho de Hawilla. Isso porque Hawilla distribui propina entre diversos cartolas. O caso de Marin é apenas uma pessoa com casos pontuais de corrupção”, explicou.

Chade ainda comentou a possibilidade de Marin aceitar fazer uma delação premiada. Segundo o jornalista, a justiça americana fará a proposta ao cartola para chegar a mais nomes envolvidos em corrupção.

“Vai ser proposta sim (delação premiada). As fontes que eu tenho relacionadas ao FBI dizem que sete cartolas presos em maio não serão apenas punidos. Eles são uma espécie de trampolim que a justiça americana quer para chegar a outras pessoas. Vai ser proposto. Ele pode negar e dizer que não está disposto a colaborar. Existe esse plano e estará sobre a mesa quando Marin desembarcar nos Estados Unidos”, afirmou o correspondente.

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