Juan Villoro atribui fracasso do Brasil na Copa à “germanização” da seleção

  • Por Agencia EFE
  • 23/08/2014 20h22

Cidade do Panamá 23 ago (EFE).- O escritor mexicano Juan Villoro, amante e estudioso do futebol, atribuiu à “germanização” de seu estilo de jogar o fracasso do Brasil na última Copa do Mundo.

“O treinador Luiz Felipe Scolari apostou em germanizar sua equipe com o grande paradoxo de que, ao enfrentar a Alemanha, perdeu por 7 a 1”, disse Villoro em entrevista à Agência Efe neste sábado.

Villoro, que lidera uma delegação de escritores mexicanos na 10ª Feira Internacional do Livro (FIL) do Panamá, destacou que Felipão abriu mão de jogadores veteranos que “praticam a arte do jogo bonito”, como Kaká, Robinho e Ronaldinho Gaúcho, entre outros.

“Se concentrou em um esquadrão quase militar”, opinou Villoro, comentando que “quando alguém trai sua essência em qualquer atividade alcança resultados espúrios” e que esse “foi o caso do Brasil”.

Villoro também insistiu que é importante que uma equipe pratique o esporte “que tem a ver com sua maneira de entender a vida e de entender o jogo porque há também uma dimensão cultural no esporte”.

“E o Brasil atentou contra o tipo de futebol que praticou ao longo de sua vida”, acrescentou, completando que a seleção brasileira optou “pela disciplina, pelo jogo duro, e muitas vezes sujo”.

O escritor também destacou que o Brasil confiou “exclusivamente” em um jogador, Neymar, “para praticar a arte que desenvolveu em outros tempos”.

Villoro deu como exemplo o duelo entre Brasil e Itália na final do Mundial de 1970, no México, e o poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini descreveu em um texto o estilo diferente destas equipes.

Neste texto “formoso”, segundo Villoro, Pasolini (1922-1975) escreveu que “enquanto a Itália jogava em prosa, o Brasil jogava em poesia”

“Eram dois discursos diferentes, e Brasil naquela época tinha jogadores que versificavam entre si, que rimavam as jogadas, realmente um via um concerto de como era que se construía um soneto”, ressaltou.

Villoro acaba de publicar “Balón dividido”, um livro que, segundo disse, é “a história privada dos gols” e também a “história real dos jogadores contemporâneos”. EFE

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