Juiz espanhol quer que ex-dirigentes do Santos sejam ouvidos em “caso Neymar”
O juiz da Audiência Nacional da Espanha, José de la Mata, tem pedido de forma reiterada à Justiça do Brasil para interrogar dois ex-presidentes do Santos em uma nova denúncia sobre a contratação de Neymar pelo Barcelona.
Fontes jurídicas disseram à Agência Efe que o magistrado enviou duas cartas rogatórias – um instrumento jurídico de cooperação entre dois países – para tentar ouvir os ex-presidentes Luis Álvaro de Oliveira e Odílio Rodriguez após a denúncia apresentada pelo grupo DIS, que detinha parte dos direitos de Neymar, por corrupção e fraude na transferência do atacante brasileiro.
Nos documentos, Mata pede à Justiça brasileira que tome o depoimento dos dois ex-dirigentes, mas, até o momento ainda não houve resposta. Isso está impedindo o magistrado de também ouvir na Espanha o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, seu antecessor, Sandro Rosell, o próprio Neymar e o pai do jogador.
Inicialmente, Mata quer que um juiz brasileiro ouça os ex-dirigentes do Santos, mas está disposto a enviar uma comissão judicial ao Brasil para realizar o procedimento caso necessário.
Após aceitar a denúncia do DIS, apesar dos recursos apresentados por Bartomeu e Rosell, o juiz pediu ao Real Madrid, ao Chelsea, ao Bayern de Munique e ao Manchester City as ofertas enviadas entre 2009 e 2013 ao Santos ou a Neymar para tentar contratá-lo.
O Real Madrid já mandou documentos ao tribunal, mas Chelsea e City ainda não fizeram o envio. No caso do Bayern, o diretor-geral do clube, Karl-Heinz Rummenigge, prestou depoimento na Alemanha por ordem do juiz, mesmo procedimento que ele quer repetir no Brasil.
Em sua declaração, indicaram as fontes, Rummenigge afirmou que o clube teve interesse em contratar o atacante, mas o Bayern não chegou a formalizar uma proposta.
Mata aceitou a denúncia da DIS em junho. O grupo acusa seis pessoas, os dois clubes – Barcelona e Santos – e a empresa de Neymar, a N&N, pelos crimes de corrupção entre particulares e de fraude na modalidade contrato simulado.
A DIS afirma que deveria receber 40% do dinheiro pago pelo Barcelona ao Santos pelos direitos federativos do jogador. No entanto, o fundo de investimento ficou com a porcentagem correspondente aos 17,1 milhões de euros que o clube espanhol disse ter pago pelo brasileiro, enquanto a contratação de fato custou, como foi revelado pelas investigação da Audiência Nacional, 83,3 milhões de euros.
No outro caso sobre a transferência de Neymar investigado pela Audiência Nacional, o juiz determinou que o processo deve correr nos tribunais de Catalunha, já que as denúncias são sobre crimes fiscais cometidos na Espanha. Nessa ação, sobre a qual já determinada a abertura de julgamento, Bartomeu, Rosell e o Barcelona são acusados de crimes fiscais e apropriação indébita.
A Promotoria pediu 2 anos e 3 meses de prisão para Bartomeu, 7 anos e 6 meses para Rosell, e multas para ambos de 3,8 milhões de euros e 25,1 milhões de euros, respectivamente. Já para o Barcelona, a solicitação é que o clube devolva 11,4 milhões de euros aos cofres públicos e pagar uma multa de 22,2 milhões.
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