Juvenal rebate críticas de Aidar e nega que São Paulo precise de um “milagre”

  • Por Jovem Pan
  • 11/09/2014 10h28
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Folhapress Juvenal Juvêncio tem mandato no São Paulo até abril

A boa fase do São Paulo dentro de campo não se reflete na diretoria do clube. Após o atual presidente Carlos Miguel Aidar criticar duramente a antiga gestão em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, foi a vez de Juvenal Juvêncio, seu antecessor, rebater todas as acusações do mandátario Tricolor. Em cartava divulgada à imprensa, o ex-presidente são-paulino nega que o clube precise de um “milagre” para se manter bem financeiramente e se mostrou surpreso com os ataques de quem, há pouco tempo, era um de seus mais ativos apoiadores.

Depois da publicação das críticas de Aidar, Juvenal disse ter recebido apoio de várias pessoas próximas a ele no clube, que também se surpreenderam com os ataques do atual presidente. “É natural. Ninguém entende como alguém que indiquei e apoiei de forma tão enfática e presente, com prejuízo das minhas relações mais caras e da minha saúde, poderia realizar contra a minha figura e a minha gestão ataques tão duros, agressivos e despropositados”, escreveu Juvenal.

Juvêncio desmentiu os números apresentados por Aidar como dívida do clube e garantiu que o clube está bem financeiramente, principalmente em relação aos outros no país. “Com efeito, é absolutamente perceptível, para quem quiser ver, que a Receita Operacional do São Paulo FC faz frente ao valor atual da dívida, com absoluta segurança. Ao se comparar o valor da dívida com o patrimônio do Clube, que é dono do Estádio do Morumbi, do CFA Presidente Laudo Natel em Cotia, do Parque Social, entre outros ativos, então, a correlação torna-se ainda mais favorável. Se for comparado o valor da dívida do São Paulo FC com as dívidas de outros clubes grandes de São Paulo e do Brasil, não se pode chegar à conclusão outra senão a de que a situação do São Paulo FC, que, o próprio Presidente confirma, não tem DÍVIDA FISCAL, não demanda a realização de nenhum “milagre”, senão o prosseguimento de boa gestão”, rebateu.

 

O ex-mandatário são-paulino ainda se gabou da situação em que deixou o clube após o final de seu mandato e lembrou a Aidar que o sucesso do time no momento sede, em parte, à gestão anterior. “O Presidente também deve bem saber que o time que está aí, em segundo lugar no Campeonato Brasileiro e disputando a Copa Sulamericana, tem um elenco de 36 jogadores. Dois foram contratados pelo Presidente. Um é o Alan Kardec, que o Presidente pôde pagar A VISTA, porque deixei R$ 50 milhões no caixa, fruto de adiantamento negociado ao final da minha gestão junto à TV Globo, razão pela qual, não houve empréstimo específico para sua contratação. Os outros foram Kaká e  Michel Bastos. Os demais 34 já estavam lá, além do Treinador e sua Comissão Técnica”, disse.

Ainda na carta, Juvêncio garantiu que seguirá a frente do CT de Cotia, negou “benesses injustificadas” apontadas por Aidar e se solidarizou com os funcionários demitos pelo atual presidente Tricolor.

Leia, na íntegra, a carta de Juvenal Juvêncio:

“A entrevista do Presidente Carlos Miguel Aidar publicada no Jornal Folha de São Paulo de hoje me causou a mais absoluta estranheza e estupefação. Confesso que não pude disfarçar minha surpresa. Chamou minha atenção o fato de que tal sentimento não é só meu, mas sim, é geral, como pude verificar pelas inúmeras manifestações de apoio e solidariedade que recebi ao longo do dia de hoje.

É natural. Ninguém entende como alguém que indiquei e apoiei de forma tão enfática e presente, com prejuízo das minhas relações mais caras e da minha saúde, poderia realizar contra a minha figura e a minha gestão ataques tão duros, agressivos e despropositados. Nesse último período, ocupei a Presidência do São Paulo FC por 8 (oito) anos. Em todos os anos da minha gestão, as contas do Clube apresentaram SUPERAVIT. Os Senhores Conselheiros, com a seriedade que lhes caracteriza, inclusive o próprio Presidente, aprovaram minhas contas em todos os exercícios. 

O Presidente, agora, aponta uma dívida bancária de R$ 131 milhões. Desse montante, R$ 50 milhões representam adiantamento das cotas do contrato de televisionamento. Sobram R$ 81 milhões. O próprio Presidente relata que o São Paulo FC vendeu dois atletas, ao valor total de R$ 16 milhões. O restante é a propalada dívida. Ocorre que, é preciso enfrentar esse número em atenção à Receita Operacional do São Paulo FC, refletida nas Demonstrações Financeiras do exercício 2013, publicada em 02 de abril de 2014. O valor é de R$ 362.832 milhões. Em 2012, esse valor era de R$ 282.883 milhões. Portanto, entre 2012 e 2013, último ano da minha gestão, houve um incontestável aumento da Receita Operacional.

Com efeito, é absolutamente perceptível, para quem quiser ver, que a Receita Operacional do São Paulo FC faz frente ao valor atual da dívida, com absoluta segurança. Ao se comparar o valor da dívida com o patrimônio do Clube, que é dono do Estádio do Morumbi, do CFA Presidente Laudo Natel em Cotia, do Parque Social, entre outros ativos, então, a correlação torna-se ainda mais favorável. Se for comparado o valor da dívida do São Paulo FC com as dívidas de outros clubes grandes de São Paulo e do Brasil, não se pode chegar à conclusão outra senão a de que a situação do São Paulo FC, que, o próprio Presidente confirma, não tem DÍVIDA FISCAL, não demanda a realização de nenhum “milagre”, senão o prosseguimento de boa gestão. 

Estou seguro de que o Presidente aceitou candidatar-se, fez campanha, se elegeu e hoje administra o São Paulo FC ciente de que o exercício da Presidência implica enfrentar os problemas, ainda mais quando completamente administráveis, não transferi-los a outros. Ainda mais se, ao fazê-lo, acaba por expor a Instituição, afetando seu crédito, seu bom nome, sua reputação de Clube bem administrado, não somente por mim, mas também por todos aqueles grandes homens que me antecederam.

O Presidente, então candidato de situação, sempre teve acesso a todos os números e informações que solicitou. Uma campanha com a seriedade que representa a gestão do São Paulo FC jamais seria feita de forma irresponsável ou no escuro. O associado do São Paulo FC não pode ser levado a acreditar que todos os elogios que Carlos Miguel fez à minha gestão durante a campanha eleitoral foram fruto de desconhecimento, ou pior, por oportunismo. O associado não quer acreditar que houve no São Paulo FC algo que poderia ser considerado como um estelionato eleitoral. Digo a esses, e aos milhões de torcedores, que fiquem seguros de que isso não houve. O Presidente estava tão certo sobre os comentários que fez a meu respeito em seus tantos discursos de campanha, quanto está errado agora.

O Presidente também deve bem saber que o time que está aí, em segundo lugar no Campeonato Brasileiro e disputando a Copa Sulamericana, tem um elenco de 36 jogadores. Dois foram contratados pelo Presidente. Um é o Alan Kardec, que o Presidente pôde pagar A VISTA, porque deixei R$ 50 milhões no caixa, fruto de adiantamento negociado ao final da minha gestão junto à TV Globo, razão pela qual, não houve empréstimo específico para sua contratação. Os outros foram Kaká e  Michel Bastos. Os demais 34 já estavam lá, além do Treinador e sua Comissão Técnica.

Que clube brasileiro poderia fazer, em abril desse difícil ano de 2014, com Copa do Mundo, Recessão e Eleições, um investimento que o próprio Presidente afirma ter sido no montante de R$ 22 milhões A VISTA? Por favor, me apontem o nome de outro clube brasileiro que foi capaz de fazer contratação nesse montante nos últimos meses.

Devo, também, afirmar que permanecerei à frente do CFA Presidente Laudo Natel, não por mim, pelo Presidente, ou por quem quer que seja. Ficarei em nome do meu compromisso para com a Instituição. O CFA de Cotia recebe anualmente R$ 10 milhões a título de custeio subsidiado por verbas da Lei de Incentivo ao Esporte do Governo Federal. Não posso abandonar pela metade o trabalho que resultou na revelação de atletas como o Auro, que estreou com enorme sucesso no último domingo, como também Lucas, Denilson, Hernanes, Rodrigo Caio, Casemiro, Oscar e o Lucas Evangelista (cuja venda foi celebrada pelo Presidente nessa mesma entrevista) além de tantos outros. A base é o futuro do São Paulo FC e não poderá cair em mãos de aventureiros, sobretudo daqueles (que conhecemos muito bem), devem estar pressurosos por isso. Estejam certos de que não haverá barganhas políticas a colocar em risco o compromisso com a excelência e o futuro de Cotia, que significa o futuro do nosso São Paulo FC.

Por fim, devo deixar aqui minha solidariedade aos conselheiros e diretores do São Paulo FC que também foram injustamente atacados. Nenhum foi privilegiado com benesses injustificadas. Inclusive, o Presidente também não foi, quando das muitas vezes em que participou dos eventos e viagens que, agora, atribui somente aos seus pares.

Mas, principalmente, quero agora me solidarizar com os funcionários do São Paulo FC, essa gente simples, trabalhadora, acolhedora, que me emocionou sobejamente no dia da minha saída, que não merecia, em tempos tão difíceis como os que vivemos hoje em dia, serem submetidos a ameaças que os colocam, juntamente com suas famílias, sob a mais absoluta insegurança. Só pode ser figura de linguagem, para dizer o mínimo, qualquer pessoa em sã consciência acreditar que uma Instituição do porte do São Paulo FC poderia ser administrada com 95 funcionários. Quando Carlos Miguel saiu da Presidência, em 1988, o São Paulo FC tinha 796 funcionários.

Enquanto tiver forças, estejam todos seguros, sempre lutarei por aquilo que acredito ser o melhor para o São Paulo FC, cujos interesses estão acima de todos nós.

JUVENAL JUVÊNCIO”

 

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