Luis Enrique e a hora de reciclar o Barcelona
Francisco Ávila.
Barcelona, 19 mai (EFE).- Exigente e muito intenso, um técnico ambicioso e que conhece os segredos da casa. Esse é o perfil de Luis Enrique Martínez, o escolhido pela direção do Barcelona para reciclar, nos próximos dois anos, uma equipe que se acostumou a títulos em profusão, mas que parece ter perdido seu senso de vitórias nos últimos dois anos.
Depois de se despedir do futebol como jogador em 2004, ele iniciou sua trajetória como treinador em 2008 comandando o Barcelona B, quando demonstrou sua exigência.
Luis Enrique é um técnico com um estilo de jogo amplo. Como o meia que foi, gosta do futebol ofensivo e do toque de bola, mas também do jogo objetivo. Não acredita nos desenhos táticos, por isso é capaz de variar o mesmo durante a partida.
Para ele, um dos maiores méritos de um treinador é ter envolvimento com sua equipe. Essa é uma de suas máximas e a qual leva ao último nível, assim como quando era jogador.
Luis Enrique é um torcedor confesso do Barcelona. Chegou ao clube no meio de 1996, aos 26 anos e a pedido de Johan Cruyff, mas o holandês foi demitido e não o treinou. Ele vinha do Real Madrid, com o qual tinha encerrado o contrato depois de uma complicada passagem.
“A época do Real Madrid não me traz boas lembranças”, explicou quando já era jogador do Barcelona. No Barça, foi dirigido por Bobby Robson, Louis van Gaal (em duas oportunidades), Lorenzo Serra Ferrer, Carles Rexach, Radomir Antic e Frank Rijkaard. Seguramente, os dois técnicos holandeses são os que mais lhe marcaram.
Sua estreia como treinador foi em 2008. O então presidente do clube catalão, Joan Laporta, promoveu Josep Guardiola para a equipe principal, e Luis Enrique passou a comandar o Barcelona B. Lá ficou até 2011 e obteve bons resultados, já que a equipe conseguiu a ascensão para a segunda divisão.
Sua passagem refletiu sua personalidade forte e a determinação que o levaram a finalizar ultamaratonas, provas de Ironman e maratonas no deserto, a pé ou em bicicleta.
Com o trabalho na filial do Barça bem cumprido, Luis Enrique chamou a atenção da Roma, sua primeira aventura em um time grande e que não acabou bem. Na capital italiana, Luis Enrique comprovou a dificuldade de se relacionar no dia a dia com a imprensa e, inclusive, confrontou a estrela do clube, Francesco Totti.
“Ele é único, mas quem decide sou eu”, disse aos jornalistas sobre Totti após uma dolorosa derrota fora de casa.
Na Roma, não chegou nem a encerrar a temporada. O diretor técnico do clube, Franco Baldini, chegou a lhe enviar a seguinte mensagem em sua despedida: “Você se apaixona tanto que isso te esgota”.
Luis Enrique ficou um ano longe do futebol, até ser contratado pelo Celta de Vigo para a temporada 2013/2014. Encontrou o apoio do presidente e acionista majoritário, Carlos Mouriño, e começou a tomar decisões que contrariavam a torcida, mas no final sua ideia de jogo se sobressaiu.
O treinador dispensou Andrés Túñez, um dos jogadores mais queridos pela torcida, e deixou no banco Borja Oubiña, um dos símbolos da equipe. Após um início complicado, os resultados lhe deram razão.
Luis Enrique já havia sido cogitado para treinar o Barça no meio do ano passado, quando o estado de saúde de Tito Vilanova havia piorado. Porém, ele já tinha assinado seu contrato com o Celta.
“Quando assino um contrato, o cumpro”, ressaltou.
Agora, no Barcelona, Luis Enrique terá muito trabalho pela frente. Ele será o encarregado de liderar a renovação da equipe que teve poucas mudanças nos últimos anos. Uma regeneração que visa retomar o caminho das vitórias. EFE
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