Mais que uma copa: como a Sul-Minas-Rio pode trazer mudanças ao futebol brasileiro

  • Por Luiz V. Andreassa/Jovem Pan
  • 16/09/2015 16h35
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Montagem sobre Folhapress/CBF/FCF/Divulgação Influência política dos torneios regionais como o Sul-Minas-Rio pode chegar ao Campeonato Brasileiro no futuro

Treze clubes (Internacional, Grêmio, Figueirense, Criciúma, Chapecoense, Joinville, Avaí, Coritiba, Atlético-PR, Cruzeiro, Atlético-MG, Flamengo e Fluminense) se juntaram para criar a Liga Sul-Minas-Rio e, com ela, reeditar em 2016 a Copa Sul-Minas, realizada entre 2000 e 2002 – agora com a inclusão da dupla Flamengo e Fluminense. No entanto, mais do que os times envolvidos e o jogo dentro do campo, a novidade pode trazer mudanças em todo o futebol brasileiro. O Jovem Pan Online explica abaixo como isso deve acontecer.

Mais força para os clubes independência em relação à CBF

A Liga Sul-Minas-Rio é um grupo formado para organizar um campeonato independente da CBF. O fato de ter sido criada é um ato político que mostra um desejo dos clubes de organizarem suas próprias competições. Ela, no entanto, não é a primeira: a Copa do Nordeste e a Copa Verde (que reúne equipes das regiões Norte e Centro-Oeste, com exceção do Goiás) já funcionam nesses moldes,e são apontadas como tentativas bem sucedidas. Por isso, a CBF teme perder poder com esse ato de “independência política”. Por outro lado, quem defende a descentralização do comando das competições nacionais, como o Bom Senso FC, vê com bons olhos esta novidade.

“Sabemos que existe uma oposição, não clara, mas meio escondida, da CBF e do (presidente Marco Polo) Del Nero”, afirma Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense de Futebol e apoiador da Liga Sul-Minas-Rio. No entanto, ele discorda que a intenção seja fomentar um “rompimento” com a CBF no futuro. “Isso até pode ser o pensamento de alguns, mas em momento nenhum nas reuniões foi falado nesses termos. Poderá, com o decorrer dos anos, acontecer, mas não é o propósito agora”, disse o dirigente.

Enrico Ambrogini, dirigente do Bom Senso FC, pensa diferente e acredita que a criação da Liga Sul-Minas-Rio pode mudar a forma como todo o futebol brasileiro é administrado. “Temos que perceber que o modelo atual está ultrapassado. Com os times tomando conta e com os players discutindo, tendemos a ter um campeonato mais justo, mais democrático, com mais público, mais audiência”, analisa. “O problema não é a CBF em si, e sim não ter estrutura correta na hora de resolver os problemas. O Campeonato Brasileiro está perdendo dinheiro, perdendo audiência, e a organizadora não faz nada, até porque a CBF tem seus interesses políticos”, critica.

Enfraquecimento dos campeonatos estaduais

A Copa Sul-Minas-Rio, assim como a Copa do Nordeste, não viria para substituir os campeonatos estaduais. Na verdade, composta por oito datas, ela acontecerá concomitantemente a eles. Para tornar isso possível, os clubes planejam usar times alternativos nos estaduais, como Flamengo e Fluminense já anunciaram e como o Atlético-PR já faz há algumas temporadas. Delfim Peixoto nega que essa estratégia enfraqueça ainda mais os estaduais e os clubes menores que têm neles sua principal competição na temporada.

“Não acho que vai atrapalhar os estaduais. Vai nivelar mais. Eles são sempre dominados pelos mesmos times, com exceção de Santa Catarina, que tem cinco considerados grandes. O fato de um clube não participar de um estadual com o elenco tão forte vai fortalecer os menores. Queremos dar mais força a eles, mas não podemos impedir que os clubes maiores tentem alternativas”, promete o dirigente.

A inclusão de um novo torneio no calendário aumentará ainda mais o já excessivo número de jogos que os times brasileiros disputam – uma das principais críticas do Bom Senso FC. No entanto, Enrico Ambrogini acredita que a Liga Sul-Minas-Rio, em médio prazo, contribuirá para o fim dos estaduais e o estabelecimento dos campeonatos regionais.

“Ela pode englobar no futuro outros times, criar duas séries, dois níveis, que é o futuro de um campeonato bem estruturado: ter uma liga rentável em cima e outra embaixo para fomentar. A consequência de uma liga bem sucedida é também deixar os clubes pequenos mais fortes. Em um primeiro momento vai diminuir receita contra times grandes, mas se os grandes tiverem sucesso vão fomentar no futuro os menores a disputar”, analisa. Neste ponto, para o Bom Senso, o crescimento da Sul-Minas-Rio e de outras ligas regionais fará com que os estaduais deixem de existir em algum momento, pois “o campeonato mais desvalorizado, com menor número de torcedores e menor receita é o estadual”.

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