Marco Aurélio Cunha cobra clubes: “salário de um jogador paga time feminino”
A partir de 2019, os clubes brasileiros que não tiverem times femininos disputando ao menos uma competição nacional estarão proibidos de participar da Copa Libertadores da América. A exigência, oficializada na última quinta-feira pela CBF, levantou discussões e dividiu opiniões.
Diretor de futebol feminino da entidade, Marco Aurélio Cunha é a favor da medida e tem certeza de que ela pode ser facilmente implementada pelas equipes brasileiras.
Em entrevista exclusiva a Felipe Altarugio, para a Rádio Jovem Pan, Cunha, que trabalhou no futebol masculino durante anos, disse que, hoje, o custo para a manutenção de um time feminino no Brasil é extremamente baixo. A ponto de sequer influenciar na gestão dos elencos masculinos.
“Se você errar menos no futebol masculino e contribuir com o custo de apenas um jogador, você paga todo o futebol feminino“, garantiu o dirigente, com exclusividade, à Rádio Jovem Pan. “Hoje, o salário de um jogador mediano do futebol masculino paga um time inteiro do futebol feminino“, acrescentou.
Marco Aurélio Cunha acredita que a exigência da CBF tem tudo para contribuir com o crescimento e a estabilização do futebol feminino no Brasil – dos 20 clubes que vão disputar a Série A em 2017, apenas sete tem times formados apenas por mulheres.
“O pontapé inicial já foi dado há muito tempo. O que precisa, agora, é de persistência. Com tantas mídias e canais de TV a cabo, é impossível que não se dê o devido valor ao futebol feminino“, cobrou o diretor. “Agora, é mais uma questão de divulgação... Muita gente não viu e não gosta do futebol feminino. É preciso ver primeiro para depois avaliar“, complementou.
Em 2017, o Campeonato Brasileiro de futebol feminino terá 32 clubes – divididos em duas divisões com 16 times cada. Todas as despesas da competição, de acordo com Marco Aurélio Cunha, serão custeadas pela CBF – algo que, segundo o diretor, vai minar as “desculpas” dos clubes para não investirem em equipes femininas.
“Eles só precisam ter atletas e comissões técnicas... De resto, todas as despesas do campeonato vão ser subsidiadas pela CBF. Então, é só querer“, disparou Cunha, que vê o futebol feminino como vítima do machismo brasileiro.
“No Brasil, o esporte feminino sempre foi colocado em segundo plano. Foi assim com o basquete, com o vôlei, e está sendo assim com o futebol. Nós temos uma cultura de entender que o futebol só é jogado pelos homens”, lamentou.
“Estamos atrás de muitos países com alto desenvolvimento econômico e social. EUA, Inglaterra, Alemanha, China, Austrália, Canadá, Suécia… São países com as melhores condições sociais do mundo e que, não à toa, são as maiores potências do futebol feminino. Temos que entender que o esporte é igual para todos, não exclusividade dos homens“, encerrou.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.