Mauro Silva revela preocupação com Fred e J. César e apoia protestos pós-Copa

  • Por Jovem Pan/Bruno Bataglin
  • 21/05/2014 08h06
Jovem Pan Mauro Silva será um dos comentários da JP na Copa 2014

Ex-volante da Seleção Brasileira, tendo sido campeão do mundo em 1994, e agora se preparando para comentar a Copa do Mundo na Rádio Jovem Pan, Mauro Silva já faz suas projeções para o primeiro mundial disputado no Brasil desde 1950.

Em entrevista ao Jovem Pan Online, o ex-jogador deu sua opinião sobre a convocação do técnico Luiz Felipe Scolari e comentou até o conturbado momento político que o Brasil vive, responsável inclusive por diversas manifestações da população.

Mauro Silva frisou que receber a maior competição do futebol mundial pode ser um grande privilégio para o Brasil, mas alertou os jogadores da Seleção Brasileira para a grande pressão que eles vão enfrentar sobre o gramado.

“É uma grande responsabilidade jogar a Copa em seu país. Desde 1950 que a Copa não é no Brasil e a pressão vai ser grande. O torcedor brasileiro, apesar do momento conturbado, politicamente, que a gente vive, vai estar pensando na Copa quando a bola rolar, vai torcer e vai cobrar. Vai exigir da Seleção. E nós temos um grupo talentoso, mas jovem”, diz o ex-volante. “Fazendo uma comparação com 1994, tinha Romário, Bebeto, na faixa dos 30 anos, e agora a gente tem Neymar, Oscar, com 20 e poucos anos. Então essa juventude, essa falta de experiência em uma Copa pode ser difícil, principalmente depois da primeira fase, quando chegar nas oitavas ou quartas, sofrer um gol e ter que reverter um placar adverso. Tem que estar preparado para suportar pressão. A torcida vai apoiar muito, mas vai exigir também”, prossegue.

Integrante do elenco que conquistou o tetracampeonato mundial, Mauro Silva deixou claro seu apoio para os protestos da população, mas opinou que eles devem ser feitos depois da Copa.

“Eu não quero inibir ninguém em relação às manifestações. Em uma democracia é super justificável e é até bom que as pessoas se manifestem, que reivindiquem serviços melhores do governo. A única coisa que eu acredito é que durante a Copa do Mundo é a oportunidade de mostrarmos um país que tem condições de organizar um evento, é um país que pode trazer investimentos, que pode receber turistas”, fala. “Nós estamos organizando uma festa e, quando tem uma festa na nossa casa e está cheio de convidados, não é o melhor momento para a gente discutir os problemas internos. Depois que a festa terminar e os convidados saírem, nós devemos continuar protestando, pois o brasileiro paga muitos impostos e os serviços públicos são péssimos. A manifestação do povo e a insatisfação é justificado”, completa.

No tocante à lista de convocados, Mauro Silva acredita que Felipão acertou e não deixou nenhum jogador importante de fora, mas o ex-volante não esconde sua preocupação com as condições do goleiro Júlio César e do atacante Fred.

“Acho que não ficou de fora nenhum jogador que a gente poderia falar: ‘esse vai resolver os nossos problemas’. O time que o Felipão convocou é o que ele conhece, o que ele acredita. Obviamente, no entanto, a gente poderia falar do Miranda, que está muito bem no Atlético de Madrid e poderia ser uma opção. Em relação ao Júlio César, o Felipão confia, é um grande goleiro, mas a preocupação é: o Júlio César está jogando no Canadá. Como ele está tecnicamente e fisicamente? Essa preocupação eu tenho e tenho certeza que é comum aos torcedores brasileiros. Como que o Fred vai estar? Ele teve uma sequência grande de contusões”, observa. “São jogadores importantes para a Seleção: o goleiro e nosso atacante. São os pontos que me preocupam. O estado físico do Júlio César e a questão do Fred, pois se ele se machucar, quem vai substituir? Quem vai ser a garantia de gol? Comparando com 94, a gente tinha Bebeto e Romário jogando e tínhamos Ronaldo e Muller no banco. Tinham quatro opções muito boas”, pontua. 

Mauro Silva ainda falou sobre a não convocação do meia Lucas, do Paris Saint-Germain.

“Ele teve oportunidade na Seleção e, quando foi convocado, não correspondeu e não agradou o Felipão e o torcedor. Depois ele teve uma evolução, melhorou, mas foi um pouco tarde”, finaliza.

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