Meligeni relembra “bola na trave” em Atlanta 96 e destaca: “meu braço pesou”

  • Por Jovem Pan
  • 01/03/2016 10h33
Facebook/Reprodução Quarto colocado em Atlanta 96

Quando desembarcou em Atlanta para a disputa dos Jogos Olímpicos de 1996, a delegação brasileira vivia a expectativa de conquistar bons resultados em esportes como a natação, judô, futebol, mas não no tênis. Dia após dia, um jovem argentino naturalizado brasileiro foi surpreendendo a todos e transformou a chance de uma medalha inédita para o país em realidade.

Melhor tenista da história do país em Jogos Olímpicos, Fernando Meligeni passou muito perto de subir ao pódio em 1996, mas bateu na trave e ficou com o quarto lugar. O Fininho chegou aos Jogos de Atlanta com 25 anos de idade, ocupando a posição de número 62 no ranking da ATP. A pouca experiência em momentos decisivos de grandes competições pesou na reta final da disputa e tirou de Meligeni uma conquista histórica.

Em entrevista exclusiva ao Jovem Pan Online, Fernando Meligeni recordou a caminhada até as semifinais do torneio olímpico em Atlanta e destacou as dificuldades de disputar uma competição tão importante.

“Olimpíada tem as competições de tiro curto como o judô, que você resolve sua medalha em um dia, e as de tiro longo, como o tênis, em que você joga por dez dias. A disputa em tiro longo é muito louca e você joga ‘duas olimpíadas’: uma quando você chega e nas primeiras rodadas ninguém olha para você. Depois, quando você começa a chegar perto da medalha, tudo muda”, destacou Meligeni que recordou sua experiência em Atlanta.

“No primeiro dia, não tinha ninguém me vendo, nenhum jornalista para a coletiva. Depois, quando ganhei as primeiras rodadas (Fininho passou sucessivamente por Stefano Pescosolido – Itália -, Albert Costa – Espanha), começou a chegar gente. De repente, quando venci o Philipoussis (Austrália) parecia que estava jogando semifinal de Roland Garros. E quando ganhei nas quartas de final (contra Andrei Olhovsky – Rússia), e a partir daí iria disputar medalha, olhava para fora e tinha todo mundo: atleta, dirigente, pessoas bacanas”, recordou.

“É muito difícil saber lidar com todas essas diferenças, principalmente para o cara que não é de chegada. Não tenho vergonha nenhuma de dizer que quando cheguei na Olimpíada em 96, não era um cara de chegar toda semana em semifinal de campeonato. Tudo isso me custou… entender e me desvincular de tudo isso me custou muito”, completou.

Azarão, Meligeni conseguiu a vaga em Atlanta após desistência de tenistas melhor ranqueados na época. A pouco experiência atrapalhou o brasileiro que perdeu nas semifinais par o espanhol Sergi Bruguera por 2 sets a 0 (7/6 e 6/2). Na disputa do bronze, mais uma derrota, desta vez para o indiano Leander Paes, que marcou 2 sets a 1 (3/6, 6/2 e 6/4).

“Se eu tivesse feito semifinal de Roland Garros antes, por exemplo, teria uma bagagem. Ainda assim, na semifinal eu fiz 6/4 no tie break do primeiro set, quer dizer: eu tive chances. Se passo ali, era medalha garantida na final contra o Agassi. Mesmo assim, meu braço segurou e é normal. O tamanho de uma medalha é muito grande”, disse o ex-tenista.

“Se eu ganhasse uma medalha olímpica seria totalmente diferente. As pessoas poderiam até não dar valor, mas eu, sim”, destacou Fininho que sete anos mais tarde se aposentou conquistando o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo.

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