Menos pompa, mais “mão na massa”: como será o novo Bom Senso?
Grupo Bom Senso Futebol Clube foi criado em 2013 para lutar por melhorias no futebol brasileiro
Grupo Bom Senso Futebol Clube foi criado em 2013 para lutar por melhorias no futebol brasileiroNa teoria, o Bom Senso não acabou. Na prática, porém, começará a atuar de maneira diferente, quase como um novo grupo. Jogadores não estarão mais na linha de frente, protestos serão evitados e comunicados à imprensa não passarão de meros detalhes. O movimento criado em 2013 para buscar melhorias ao futebol brasileiro será outro. Quem explica tudo é Enrico Ambrogini, diretor-executivo do Bom Senso F.C..
Em entrevista exclusiva a Flávio Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan, Ambrogini abriu o jogo e revelou como será a atuação do Bom Senso daqui para frente. De acordo com ele, o movimento “ainda tem muita coisa para fazer” e seguirá na ativa – diferentemente do que havia sido noticiado, de que o grupo tinha acabado.
Tudo será feito, porém, de outro jeito. “O movimento não acabou. Ele está mudando. Durante esses três anos de atuação, percebemos que o que dá certo são o diálogo e as articulações de bastidor. Então, será este o caminho que o Bom Senso vai trilhar agora. O grupo ficará um pouco mais fora da mídia e com um pouco mais de mão na massa. Os atletas vão sair um pouco de cena e só vão ser chamados quando percebermos que a relevância deles for ajudar a acelerar algum processo ou levar mais luz para alguma situação“, afirmou Enrico Ambrogini.
“A partir de agora, o Bom Senso será muito mais uma central de ideias e de projeto. Os atletas continuam, mas, como não têm tempo de participar no dia-a-dia, vão passar a ajudar com ideias e pensamentos. Não vão mais ficar o tempo inteiro aparecendo, reivindicando, sentando no chão… Fazendo essas coisas que chamaram atenção ao movimento, mas que fecharam algumas portas para a gente“, acrescentou.
O “fechamento de portas” ao qual Ambrogini se referiu foi o que motivou a mudança de perfil do Bom Senso. No modelo anterior, que era tocado com divulgação na mídia e exposição de jogadores, o movimento tinha fama, mas, ao mesmo tempo, era frágil do ponto de vista político. O diálogo com entidades e clubes não evoluía, e a corda estourava no elo mais fraco: os atletas.
“Óbvio que houve retaliações, óbvio que alguns atletas ficaram com medo de se juntar ao movimento… Quem tinha peito para se expor eram os jogadores mais experientes, que já tinham mais conquistas, mais respaldo. Os outros atletas participavam, mas tinham medo de se posicionar e ter algumas portas fechadas… Sabemos de casos de jogadores que tiveram seus nomes colocados na lista negra do futebol por participar do Bom Senso. Não eram atletas de nível internacional, mas também não eram jogadores ruins… Eles foram deixados no limbo. Isso com certeza contribuiu para esta busca por uma nova empreitada“, admitiu o diretor-executivo do Bom Senso.
Agora, então, o movimento terá menos “pompa” junto à mídia, mas muito mais atuação nos bastidores do futebol. Caberá a Enrico Ambrogini e Ricardo Borges, também diretor-executivo, liderarem as articulações do grupo – que, cada vez mais, passará a atuar com foco em Brasília, onde alcançou a sua maior conquista em três anos de existência: a aprovação da Lei do Profut, que refinanciou a dívida dos clubes e promoveu inéditas medidas de Fair Play Financeiro.
“Nós conseguimos reformar 40% do que queríamos. Então, ainda tem muita coisa para ser feita… A gente não desistiu, não”, garantiu Ambrogini, que, nesta nova fase do Bom Senso, também se responsabilizará por captar recursos ao movimento – que, até pouco tempo atrás, mantinha-se muito por causa das doações dos jogadores. “Vamos desenvolver parcerias com fundos e organização filantrópicas que se interessarem por melhorar a cultura do Brasil“, revelou.
O que resta, agora, é a motivação para tocar o “novo” Bom Senso, mas também uma pitada de decepção por tudo o que aconteceu com o antigo movimento – que, apesar de ter alcançado grande repercussão, por vezes foi ridicularizado por alguns setores da sociedade. A esperança é de que, com esta nova faceta, o grupo possa cumprir com o que propôs em 2013: reformar o futebol brasileiro.
“Eu tenho bastante orgulho de fazer parte deste movimento, mas existe uma decepção, sim. É muito difícil você estudar, levantar dados e perceber que as propostas de melhorias ao futebol brasileiro não vão para frente por causa de ego, política… O maior erro do Bom Senso talvez tenha sido a ingenuidade de acreditar que, por si só, um bom projeto iria para frente apenas com um bom patrocinador e boas alianças. O mapeamento mais importante, que nos faltou no início, foi o mapeamento político. Agora, vamos agir de maneira mais precisa“, prometeu Ambrogini.
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