Michel Platini diz ser “a pessoa mais capacitada” para comandar a Fifa

  • Por Agência EFE
  • 29/10/2015 17h52
EFE Investigado por receber dinheiro de Blatter

O ex-craque francês Michel Platini, presidente da Uefa e um dos sete pré-candidatos à presidência da Fifa, disse que se considera “a pessoa mais capacitada” para comandar a entidade.

Em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal britânico “Daily Telegraph”, Platini, suspenso temporariamente pelo Comitê de Ética da Fifa, afirmou que lutará “até o fim” para limpar seu nome e garantiu que tudo o que conseguiu até agora foi feito “com honestidade”.

“Acho que sou a pessoa mais capacitada para comandar a Fifa. Mesmo que eu não possa fazer campanha, sou um dos sete candidatos. Meu histórico como presidente da Uefa é muito claro: abrimos a Liga dos Campeões aos países menores e implementamos o Fair Play Financeiro (FFP), o que reduziu consideravelmente as dívidas dos clubes”, disse Platini.

Platini disputará a presidência com Gianni Infantino, Jérôme Champagne, Ali Bin al-Hussein, Salman bin Ebrahim Al-Khalifa, Tokyo Sexwale e Moussa Bility nas eleições de 26 de fevereiro de 2016, na Suíça.

“A certeza é que irei até o fim para me defender. As pessoas querem evitar que eu me candidate às eleições porque sabem que tenho muitas chances de ganhar. Tenho a impressão que não querem um antigo jogador presidindo a Fifa, não querem que o futebol volte para as mãos dos jogadores”, criticou.

“Sou o único candidato com uma visão 360 graus desse esporte. Fui jogador, técnico da seleção francesa, diretor do Nancy, organizador de uma Copa do Mundo (França, em 1998) e hoje presidente da confederação mais importante, tudo com honestidade. Conheço todos no futebol e a sensibilidade e as preocupações de cada um”, analisou.

Platini, o primeiro a confirmar a intenção de se candidatar, foi suspenso em 8 de outubro durante 90 dias pelo Comitê de Ética da Fifa após ser acusado pela procuradoria suíça por suspeitas de gestão desleal e abuso de confiança.

Entre as acusações ao francês há o recebimento de 2 milhões de francos suíços da federação internacional em 2011, “em prejuízo da Fifa”. O pagamento foi realizado em 2011, mas o dinheiro era supostamente destinado a trabalhos feitos entre 1999 e 2002.

“Os dois milhões de francos suíços são equivalentes a quatro anos de atraso pelo que a Fifa me devia quando eu era o conselheiro especial do presidente. O próprio presidente me ofereceu um contrato e um salário que eu aceitei”, declarou.

Segundo o francês, a sanção impede que ele “lute por um futebol mais justo e dificulta o que está realmente em jogo nesta eleição: o futuro do futebol mundial”, ressaltou.

“Para deixar as coisas claras: foi feito um trabalho? Sim. É um contrato verbal legal na Suíça? Sim. Eu tinha o direito de cobrar meu dinheiro nove anos depois? Sim. Fiz uma fatura como a Fifa pediu? Sim. Esse dinheiro foi declarado? Sim”, argumentou.

De acordo com Platini, todo o procedimento relacionado ao recebimento do pagamento foi realizado de maneira transparente, com a ciência da Fifa e da Uefa.

“A Fifa tinha o direito de não me pagar após cinco anos, mas decidiram respeitar o que era um acordo mais que válido. A forma com a qual abordei o tema foi totalmente transparente. Informei às pessoas na Uefa, que levaram (a informação) ao departamento financeiro da Fifa”.

“Onde está a conta secreta em tudo isso? O tempo todo me certifiquei que o pagamento seguiria as regras internas da Fifa. Muita gente me disse recentemente que minha dívida não estava detalhada nas contas da organização, mas foi tratada por dois comitês de especialistas e revisada por um auditor”, garantiu.

Questionado sobre se Blatter tentou armar uma armadilha ao depositar o dinheiro antes das eleições presidenciais, Platini afirmou que prefere não acreditar “em teorias de conspiração”.

“Não quero crer em teorias de conspiração. É verdade que esperei muito tempo para cobrar o que deveria receber, mas o único erro que cometi foi deixar passar tempo demais. Confiei na palavra do presidente da Fifa e sabia que pagaria por isso um dia. Tive sorte por não precisar do dinheiro, mas o fato de não ter necessitado não significa que eu não precise ser pago pelo meu trabalho”, insistiu.

Platini considera que “Fifa e Uefa são organizações antagônicas, e em um momento ou outro sempre houve certos atritos, tensões, e chegou a surgir uma certa rivalidade”, sustentou.

“O próximo presidente da Fifa terá que conseguir a união e a harmonia entre ambas as organizações. Com Sepp Blatter, a relação se tornou ainda mais tensa quando, em 2015, ao contrário do que prometeu em 2011, se candidatou à reeleição”, opinou.

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