Ministro do Esporte repudia atos de racismo no Brasil e exige punições
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, repudiou nesta sexta-feira os dois casos de racismo nos estádios brasileiros que envolveram nesta semana o jogador Arouca, do Santos, e o árbitro Marcio Chagas, e exigiu que haja investigações e que os responsáveis sejam punidos.
Rebelo pediu às autoridades de São Paulo e do Rio Grande do Sul, estados nos quais ocorreram os casos, que investiguem o ocorrido e punam rigorosamente os torcedores responsáveis, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério.
“A agressão racista não atinge apenas aquele a quem é dirigida. Fere toda a população brasileira e a sua identidade de povo miscigenado”, afirmou o ministro.
O ministro repudiou as atitudes racistas no Brasil um mês após ter exigido à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) sanções para os torcedores peruanos que insultaram o meia brasileiro Tinga, do Cruzeiro, em uma partida da Taça Libertadores contra o Real Garsilaço.
“A Justiça deve punir exemplarmente esse comportamento inaceitável. Não são torcedores, são criminosos”, definiu o ministro.
O volante Arouca foi alvo de insultos racistas na noite da quinta-feira no final da partida em que sua equipe, o Santos, venceu fora de casa o Mogi Mirim por 5 a 2, com um gol do jogador, e garantiu sua classificação para próxima fase do Campeonato Paulista.
“Na saída de campo fui alvo de insultos de um torcedor da equipe adversária. É lamentável e inaceitável que ainda exista espaço para esse tipo de coisas hoje em dia”, afirmou o jogador.
O meia, que disse ter orgulho de suas origens africanas, afirmou que o agressor que o ofendeu pediu que buscasse alguma seleção da África para defender e deu a entender que os negros não podem defender a seleção brasileira.
Por sua vez, na quarta-feira, o árbitro Márcio Chagas da Silva, também negro, foi repetidas vezes tachado de “macaco selvagem” quando atuava como árbitro da partida entre Esportivo e Veranópolis pelo Campeonato Gaúcho na cidade de Bento Gonçalves.
Após a partida, alguns torcedores danificaram o automóvel do árbitro, que estava estacionado nos arredores do estádio, e no qual deixaram várias banana.
“Quando achei meu veículo com as portas danificadas e as bananas no teto me decepcionei muito. Pensei em meu filho e pedi que isso nunca ocorra com ele”, afirmou o árbitro, que admitiu ter chorado pelo incidente.
Segundo o Ministério de Esportes, o secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Airton Michels, garantiu a Rebelo que já foram adotadas medidas para identificar aos autores da agressão racista ao árbitro.
A Federação Paulista de Futebol (FPF), por sua parte, proibiu provisoriamente a realização de partiaos no estádio Romildão da cidade de Mogi Mirim, no qual Arouca foi insultado.
A decisão “foi necessária” devido aos atos dos torcedores do Mogi Mirim que “mancham de forma indelével a disciplina esportiva e os princípios básicos de civilidade e humanismo”, segundo um comunicado da Federação, que esclareceu que a proibição será mantida pelo menos até que a justiça esportiva se pronuncie sobre o ocorrido.
O presidente de honra do Mogi Mirim, Rivaldo, rejeitou a punição e disse que o clube não pode ser prejudicado pela atitude de alguns poucos torcedores, embora também tenha condenado os atos de racismo.
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