MP usa rivais como exemplo, dá ultimato e pede que SP rompa com organizadas
O clima de guerra instaurado no Morumbi após a partida entre São Paulo e Atlético Nacional, na última quarta-feira, pela semifinal da Libertadores, esgotou a paciência do Ministério Público. Em entrevista exclusiva a Felipe Altarugio que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan, o promotor Paulo Castilho usou Palmeiras e Corinthians como exemplo e deu um ultimato ao clube tricolor.
Castilho pediu que o São Paulo rompa com as torcidas organizadas e pare de financiá-las imediatamente. O Santos também foi notificado pelo MP-SP, assim como a Federação Paulista de Futebol e a Confederação Brasileira de Futebol. O promotor sugeriu que, a partir de agora, os dois clubes sigam o modelo dos rivais Palmeiras e Corinthians e passem a comercializar ingressos para as organizadas de forma individual, nominal e pela internet.
“O Corinthians e o Palmeiras já têm feito a venda online, com ingresso individual e nominal. Eles fornecem as relações de compradores para a Federação Paulista de Futebol, que, por sua vez, repassa para as forças de segurança. Isso ajuda muito. Estamos, agora, dando um ultimato ao Santos e ao São Paulo. O prazo já se findou, e a partir de hoje, os dois clubes, a FPF e a CBF já foram notificados. Chegamos a um momento em que não podemos retroceder. Temos de dar um basta“, afirmou Paulo Castilho.
O promotor estava no Morumbi na última quarta-feira, quando a Torcida Tricolor Independente entrou em confronto com torcedores comuns e a Polícia Militar depois da partida contra o Atlético Nacional. Pelo menos 18 pessoas ficaram feridas e precisaram ser atendidas no ambulatório do estádio. Dez torcedores foram detidos e liberados na manhã do dia seguinte.
Para Paulo Castilho, o São Paulo tem parcela de culpa pelo ocorrido no entorno do Morumbi. “Onde a torcida arrumou recursos para ficar das 19h às 22h soltando fogos constantemente na frente do Morumbi na última quarta-feira? Aí, depois do jogo, fomentada com dinheiro do clube, ela praticou aqueles atos abomináveis... Temos que dar um basta para ontem. Não é nem para amanhã“, afirmou.
O promotor garantiu que já conversou com o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Barbosa Filho, para implementar a possibilidade de prisão em flagrante dos torcedores que forem levados a distritos policiais após atos de violência. Se acatada, a medida fará com que os torcedores sejam encaminhados ao poder judiciário, que, por sua vez, analisará se manterá a prisão ou os afastará dos estádios por três anos.
Até mesmo os clubes poderão ser responsabilizados criminalmente, de acordo com Paulo Castilho. Até então, as agremiações só eram punidas esportivamente, com multas e perdas de mando de campo. “A obrigação de prevenir e reprimir a violência na praça esportiva é do clube mandante, do dirigente. Isso está na lei. Por isso, o clube pode responder, sim, tanto na parte civil, quanto na parte criminal e perante à Justiça Desportiva...”, disse. “Os clubes estão sensíveis e vão acatar imediatamente, porque situação está insustentável“, apostou.
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