Muricy ataca CBF e critica calendário para 2015: “não vai acontecer nada”

  • Por Luís Carlos Quartarollo
  • 08/08/2014 14h36

Muricy cobra CBF para maior diálogo em prol do futebol brasileiro

Luiz Alexandre Rodrigues (Chokito)/ Jovem Pan Quartarollo entrevista Muricy Ramalho

Um dia antes do aniversário de um mês da goleada de 7 a 1 da Alemanha contra a Seleção Brasileira na Copa do Mundo, a CBF divulgou o calendário de 2015 para o futebol brasileiro. Com apenas 25 dias de pré-temporada, o planejamento não agradou os profissionais que atuam no país, com a voz mais ativa sendo o Bom Senso FC. Mas não foi apenas os jogadores que criticaram as mudanças da CBF, Muricy Ramalho, técnico do São Paulo, a entidade máxima do futebol nacional desperdiçou uma grande chance de reformar o esporte no País.

“O grande problema é esse. Depois de uma Copa do Mundo a gente discute todos os dias da mudança para tentar mudar o futebol brasileiro e a gente percebe na primeira chance que não vai acontecer nada. O calendário já está aí e são muitos jogos. Os clubes geralmente não podem ter um grande plantel porque estão com dificuldades financeiras”, afirmou Muricy.

Apesar da ampliação na pré-temporada, o calendário para 2015 não atendeu os pedidos dos jogadores de 30 dias de descanso. Outro caso em que foi apenas escondido o problema foi na relação dos clubes em dias de Jogos com a Seleção Brasileira. Apesar de não terem jogos em datas que a equipe do técnico Dunga estiver jogando, haverão partidas nos dias anteriores ou posteriores das datas reservadas. Situação que piora ainda mais com o início do projeto olímpico, que fará amistosos independentes da Seleção principal.

Para Muricy, a CBF fracassa ao impor no futebol brasileiro os seus desejos sem consultar todos os setores do esporte nacional. Sem isso, na opinião do treinador, as mudanças pedidas após o vexame da Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo ficarão apenas do discurso.

“Eu acho que no Brasil a gente não discute futebol. A gente comenta futebol no dia a dia, mas não se junta todas as partes para discutir o futebol brasileiro. Tem que chamar todas as partes, jogadores, treinadores, imprensa, dirigentes e torcedores para fazer um tipo de um congresso para a gente tentar melhorar o futebol brasileiro. Mas a gente não faz isso porque as coisas vem lá de cima e acabou. Tá aí o calendário e não se chamou ninguém”, sugeriu o treinador.

Outra crítica feita pelo comandante tricolor foi o fato de se colocar toda a culpa da crise brasileiro em uma suposta defasagem nos treinadores.

“Do jeito que está sendo está sendo feito não vai acontecer nada. É todo dia essa coisa diária de falar que tem que mudar, tem que mudar, que o técnico é isso, é aquilo e só ficam nisso. É o técnico, é o técnico, é o técnico e não sai do lugar, e não vai sair, porque existem vários interesses. O futebol brasileiro virou um grande negócio e ninguém quer abrir mão desse grande negócio”, criticou Muricy.

“Enquanto não parar, e isso quem tem que fazer é a CBF, e fazer um grande congresso para discutir realmente o futebol brasileiro e não ficar nessa que coisa que todo dia um acha aquilo, eu acho aquilo e não se sai do lugar. Enquanto isso não acontecer, e me parece que não vai, vamos ficar nessa situação. Futebol ruim, com muita correria, se marca jogo em um dia e depois não é mais. E segue o baile, a gente vai ficar na discussão e não vai acontecer nada”, concluiu.

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