Mustafá diz confiar em Galiotte, mas não quer Nobre como “cacique” do Palmeiras

  • Por Jovem Pan
  • 14/10/2016 12h28
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Mustafá Contursi foi presidente do Palmeiras entre 1993 e 2005 e é muito forte na política alviverde

Agência Estado Mustafá Contursi foi presidente do Palmeiras entre 1993 e 2005 e é muito forte na política alviverde

Figura mais representativa do quadro político palmeirense, Mustafá Contursi resolveu falar. Na última quinta-feira, o dirigente de 76 anos atendeu a um telefonema do repórter Fredy Junior, da Rádio Jovem Pane aceitou avaliar a atual situação política do clube que comandou por mais de uma década.  

O atual presidente, Paulo Nobre, e o futuro, Maurício Galiotte, foram dois dos protagonistas da análise de Mustafá. O ex-mandatário disse confiar no próximo comandante alviverde, mas não escondeu o desconforto pela possibilidade de Nobre ganhar um cargo para gerir o futebol palmeirense durante a gestão Galiotte – de acordo com Mustafá, o Palmeiras não pode voltar a ter “caciques”, que mandem e desmandem no futebol do clube.

Galiotte é um companheiro em quem confiamos. Mas, há muitos anos, o departamento de futebol do Palmeiras não tem nenhum carimbo de ações pessoais. Faz pelo menos 20 anos que não tem nenhuma importância no clube alguém que toque o futebol. O futebol é tocado por um conjunto de decisões e de pessoas, entre as autoridades do clube e os profissionais que são contratados para exercer essa funçãoIsso começou lá no início dos anos 1990. Acho que também não podemos dar um passo atrás, de termos caciques de novo...“,  afirmou, em clara referência a Paulo Nobre. 

Isto não quer dizer, contudo, que Mustafá seja contra a participação do atual mandatário alviverde nas futuras decisões políticas do Palmeiras. Muito pelo contrário: o ex-presidente adiantou que, nos próximos anos, Nobre será fundamental para as tomadas de decisão do clube. “O Paulo Nobre vai ter uma missão importante no clube, como todos os ex-presidentes têm. Somos autoridades incontestadas e membros muito importantes do COF. Claro que ele não irá se afastar, como outros não se afastaram“, garantiu.

Mustafá Contursi foi presidente do Palmeiras entre 1993 e 2005. Neste período, o clube firmou parceria com a Parmalat e ganhou praticamente todos os títulos possíveis – do Paulista à Libertadores, passando pela Copa dos Campeões, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Torneio Rio-São Paulo e Copa Mercosul. O time alviverde também foi rebaixado durante a gestão de Mustafá, é verdade, mas os 12 anos à frente do Palmeiras deram absurda importância política ao ex-presidente – hoje conselheiro vitalício do clube.  

Na entrevista exclusiva a Fredy Junior, Mustafá abriu o jogo: falou sobre o período em que comandou o Palmeiras, a possibilidade de Leila Pereira, atual presidente da Crefisa e potencial conselheira alviverde, assumir o clube no futuro, a aparente trégua entre oposição e situação e o excelente momento vivido pelo futebol do Palmeiras depois de anos de dificuldades.

A conversa vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan, mas, abaixo, você pode conferir alguns dos principais trechos do bate-papo.  

Os 12 anos à frente do Palmeiras 

“É normal que aconteça um desgaste de poder. O poder desgasta. Eu fiquei 12 anos no Palmeiras, e, acreditem, não foi por minha vontade. Foi por uma série de circunstâncias, de ajustes que tínhamos de fazer em relação à Parmalat, porque as pessoas viam a pinga que a gente tomava, mas não os tombos que a gente levava. Foi uma parceria maravilhosa, mas que, na reta final, precisava de alguns ajustes. Daí o tempo em que eu fiquei na presidência.

Gestão de Paulo Nobre 

“O presidente Paulo Nobre teve, em mim, quando solicitado, toda a consideração dentro da sua gestão. Teve uma gestão que iniciou a recuperação do clube, embora ainda tenhamos uns sete ou oito anos de recuperação, porque passamos por uma situação caótica por muitos anos“. 

Situação financeira do Palmeiras 

Graças aos esforços do Paulo Nobre, nós conseguimos uma importante rolagem da dívida e o equacionamento dos orçamentos de vários setores do clube. Mas a nossa relação de caixa ainda é de buscar o equilíbrio... Estamos no fio da navalha. Por 90 de seus 100 anos de existência, o Palmeiras sempre deu o exemplo de riqueza, organização e força econômica. Vamos recuperar isso nos próximos anos. 

Futuro do Palmeiras com Maurício Galiotte como presidente 

Ele é um companheiro em quem confiamos. Em outros momentos, apoiamos pessoas que considerávamos estar preparadas para assumir a presidência, mas as coisas não funcionaram como o previsto… Parece que, agora, estamos encontrando o momento. Precisamos de uma administração de saneamento e de austeridade, para que o caixa comece a ter uma folga, coisa que até hoje ainda não conseguimos“.

Trégua entre oposição e situação 

“O Palmeiras, historicamente, sempre teve debates acalorados, independente de situação e oposição conflitarem. Aqueles que não eram contemplados com a administração também colaboravam, apesar dos seus pontos de vista. Foi essa filosofia que deu a grandeza que o Palmeiras sempre teve. Agora… Esse radicalismo todo se agravou nos últimos dez anos. Ele se destacou no clube desgraçadamente com a formação de grupos medíocres, cheios de nomenclaturas, que agrediam todo mundo seja pela internet, seja fisicamente. Parece que, agora, as coisas estão voltando ao normal, graças, também, a uma catequese que tem sido feita por pessoas de boa vontade. 

Chance de Leila Pereira (presidente da Crefisa) presidir o Palmeiras no futuro 

“Qualquer palmeirenses pode ser candidato, desde que tenha as condições estatutárias. Quando eu estava na presidência, para dar oportunidade a todos, eu organizava, nas eleições para conselho, chapas com adesão de qualquer pessoa que aparecesse na secretaria. Não precisava ser do grupo verdeescuro, verdeclaro, amarelo, ter carimbo… As pessoas se inscreviam e disputavam. Era uma eleição absolutamente popular e igualitária para todos. Portanto, não há nomes escolhidos. Quem quiser participar, participa. Não precisa ter linha política, não. Apoia, vota, reúne… Não. O conselheiro do Palmeiras tem de ter independência, e não esse carimbo de grupinhos que fizeram muito mal ao Palmeiras. 

Bom momento no futebol 

“É consequência de tudo aquilo que foi sendo recuperado aos poucos. Uma equipe é forte quando a administração geral da entidade é forte, equilibrada. Tudo que aconteceu de ruim no Palmeiras foi nos últimos dez anos, infelizmente. Agora, vamos nos recuperar disso. E o palmeirense precisa ter paciência, porque ainda temos uma meia dúzia de anos para colocar o clube em uma posição que sempre foi dele.”

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