Nadadora refugiada é eliminada dos Jogos e deixa mensagem de esperança
A nadadora síria Yursa Mardini, da equipe de refugiados do Comitê Olímpico Internacional, participou neste sábado das eliminatórias dos 100 metros borboleta. A jovem de apenas 18 anos fechou a prova com o tempo de 1 minuto, 9 segundos e 21 centésimos. A marca não garantiu sua classificação para as semifinais (ela ficou em 41º entre 45 atletas), mas só o fato de estar competindo dentro das piscinas já representa uma vitória para a atleta.
Yursa deixará o Rio de Janeiro como uma verdadeira campeã. O triunfo da atleta não pode ser medido em posições, marcas. Consiste apenas em competir, em continuar viva. Ao contrário de outros milhares de refugiados que perderam a vida tentando fugir da guerra na Síria, Yursa conseguiu escapar do destino fatal que a esperava nas escuras e frias águas do mar Egeu.
“Com uma mão, segurava a corda que estava amarrada ao bote, enquanto nadava com a outra e com meus pés”, explicou a atleta antes do início dos Jogos Olímpicos, ao lembrar como teve que pular na água e nadar junto a sua irmã até a costa da ilha de Lesbos, na Grécia, após o motor do barco que viajavam parar de funcionar. “Foram três horas e meia em água gelada”, completou a nadadora síria que, apesar de tudo, prefere encontrar uma lição positiva na experiência dramática.
A natação, paixão ensinada pelo pai que marcou a vida de Yursa desde os três anos, a salvou a morte. E voltaria a mudar radicalmente sua vida meses mais tarde, quando o COI a incluiu como parte da equipe de refugiados que está disputando os Jogos do Rio. “É um sonho que virou realidade. Os Jogos Olímpicos são tudo, é uma oportunidade na vida”, disse Yursa, que depois de sobreviver às águas do Egeu, teve que enfrentar outra longa viagem pela Europa até se estabelecer de forma definitiva na Alemanha.
Logo após chegar ao acampamento de refugiados nos arredores de Berlim, capital do país, Yursa perguntou pela piscina mais próxima para retomar os treinamentos que teve que interromper com o início da guerra civil que afeta a Síria desde 2011. Não demorou para que ela chamasse atenção dos técnicos do clube Wasserfreunde Spandau 04, que a incluíram em sua equipe. Fora isso, a atleta já era, antes de deixar a Síria, supervisionada pelo COI.
Um novo começo, uma nova vida, que tinha como meta os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, um sonho que foi antecipado graças ao apoio do COI, que pela primeira vez na história decidiu incluir, nos Jogos do Rio, uma equipe de refugiados. “Não falamos o mesmo idioma e viemos de diferentes países, mas a bandeira olímpica nos une e agora representamos 60 milhões de pessoas de todo o mundo. Muita gente depositou sua esperança em nós e não queremos decepcioná-los”, concluiu Yursa.
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