Neto de Garrincha nega sumiço de ossos do avô em suposta exumação: “Grande farsa”
Morto há 34 anos, Mané Garrincha se viu ontem envolvido em uma polêmica que ganhou o noticiário internacional. Uma das filhas do craque do Botafogo e da Seleção Brasileira declarou que o corpo de Garrincha havia sido exumado há alguns anos e que a prefeitura da cidade de Magé, onde ele está enterrado, não sabe mais onde os ossos foram depositados. No fim da tarde, porém, um dos netos do ex-jogador desmentiu a história, que classificou como “grande farsa”.
A informação de que a prefeitura de Magé havia “perdido” os restos mortais de Mané Garrincha foi dada na edição desta quarta-feira do jornal carioca Extra, que entrevistou uma das filhas do ex-jogador – ele teve 14 no total, Rosângela Cunha Santos, de 63 anos. Ela disse que a família estava sofrendo por não saber onde estariam os ossos de Garrincha, e declarou que o ex-atacante dos dribles desconcertantes “não merecia isso”.
Uma funcionária do cemitério, Priscila Libério, confirmou a informação. “Pelo que a gente pesquisou, não se tem certeza de que ele está enterrado. Houve uma informação de que o corpo foi exumado e levado para um nicho (gaveta no cemitério), mas não há documento da exumação”, disse a funcionária.
O caso ganhou repercussão mundial, e o prefeito de Magé, Rafael Tubarão (PPS), em tom constrangido, prometeu pagar custas para exumação e exame de DNA com o intuito de “reencontrar” os restos mortais de Garrincha.
No fim da tarde, porém, o caso ganhou uma reviravolta. “Isso não passa de uma grande farsa, uma grande mentira”, afirmou Luiz Marques, 31, um dos netos do ex-jogador. “Essa notícia é maldosa, de uma filha que apareceu há pouco tempo. Está nos trazendo um transtorno muito grande”.
Responsável por um projeto social que leva futebol para 1.500 crianças na Vila Cruzeiro, no Rio, Luiz disse que acordou nesta quarta de manhã com mensagens de amigos preocupados com a notícia. “Fiquei sabendo disso pela imprensa, mas tenho certeza absoluta de que os ossos do meu avô continuam no mesmo lugar de sempre”, disse.
O mesmo lugar de sempre é um túmulo simples no quase abandonado cemitério Raiz da Serra, em Magé, que possui muitas sepulturas deterioradas e sacos de lixo com ossadas depositadas em um mesmo local.
O túmulo de Garrincha – ao menos o original – é simples e todo branco. Tem o ano de seu falecimento grafado erroneamente – 20 de janeiro de 1985, sendo que ele morreu dois anos antes. Além disso, outra lápide informa que naquele mesmo jazigo está enterrada uma criança de dez anos, morta em 1955. Ela seria parente do ex-jogador.
Segundo Luiz Marques, é lá que estão depositados os ossos de Garrincha. “Conversei com um coveiro que sempre morou ao lado do cemitério e ele me disse ter certeza de que ninguém mexeu na sepultura. Sem contar que é uma cidade pequena, todo mundo saberia”, ponderou.
Um mausoléu dedicado ao craque do Botafogo e da seleção brasileira foi construído em 1985 no mesmo cemitério por um ex-prefeito da cidade. A ideia, à época, era depositar ali os ossos de Garrincha, mas a família do ex-jogador não permitiu. Assim, o local ficou largado à própria sorte e também se encontra em estado de abandono.
Sobre a polêmica em relação à suposta mudança de local dos restos mortais do ex-jogador, Luiz afirmou que ela será decidida em uma reunião com todos os familiares na próxima semana. “Aí vamos decidir se aceitamos ou não a exumação, mas por mim não será preciso. Sei onde está enterrado meu avô”, declarou.
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