“Ninguém iria dizer quando deveria me aposentar”, diz Sharapova em entrevista

  • Por EFE
  • 22/03/2017 11h24
Agência EFE Sharapova - Agência EFE

A russa Maria Sharapova admitiu em entrevista à revista Vanity Fair que, depois de ter sido suspensa do circuito pelo consumo de Meldonium, se arrepende de não ter contado com “um médico por tempo integral”, dedicado às obrigações antidoping, e afirma que ninguém iria dizer quando deveria se retirar do esporte.

“Sabia que ninguém em um escritório iria dizer quando eu tinha que me aposentar”, disse. “Mas eu deveria ter tido um médico em tempo integral. Se pudesse voltar atrás, isso é o que mudaria”, afirmou a jogadora que reaparecerá oficialmente no circuito durante o Masters 1000 de Madri, em maio.

“Tomei as rédeas da situação desde o primeiro momento e administrei tudo. Disse: esta é minha história e vou contá-la”, acrescentou a ganhadora de cinco Grand Slams.

Na entrevista, Sharapova se mostrou decepcionada pelas declarações de Craig Reedie, presidente da Agência Mundial Antidoping. Na ocasião, Reedie disse: “minha grande satisfação neste caso é ter retirado alguém que em um ano pode ganhar mais dinheiro do que todo o orçamento da Agência junto”.

“Não tenho provas”, disse a russa, “mas por que um homem maior, que deveria estar preocupado com seu próprio trabalho e que não tem direito algum a comentar meu caso, assim que teve a oportunidade de fazer declarações falou do meu dinheiro?”.

“Se o trabalho e lema dele é manter o esporte limpo, deveria ser mais cuidadoso comunicando a lista de substâncias proibidas”, continua. “Quando o Tribunal de Arbitragem viu os e-mails que nos enviaram para avisar sobre as mudanças na lista de substâncias, o júri ria. De fato, isso mudou. Os e-mails que nós recebemos no final de 2015 são totalmente diferentes dos que mandam agora”, comenta.

Sharapova fez uma reflexão de que durante todo este caso poderia ter se sentido envergonhada se tivesse “sentado e deixado que as pessoas” a pisoteassem.

“Joguei este esporte com tanta integridade e tanta paixão que a princípio não era capaz de compreender como alguém podia crer, levando em conta a forma na qual concorro e como treino, que eu tomaria o caminho fácil”, afirma.

Sobre suas companheiras de circuito, Sharapova comentou que não joga para fazer amigos. “Tenho muito respeito pelas outras tenistas porque entendo suas vidas, sei o sacrifício que fazem, mas não quero ser amiga, não tenho interesse”.

“Quando entro no vestiário, vou fazer meu trabalho. Entro na quadra e pronto. Eu quero ser profissional. Se me dissessem que não sou, isso me magoaria. Mas se a crítica é porque não tive uma conversa no banheiro, não acontece nada, posso suportar”.

Sharapova afirmou que gostaria de ter uma família no futuro, mas agora é difícil. “Não sei o que é o equilíbrio. Para mim, o equilíbrio é estar 50% e isso me assusta. Não posso estar 100% ao mesmo tempo no esporte e em uma relação”, declarou.

“Além disso, pelo meu trabalho, não fico na mesma cidade mais de uma semana ou duas e acredito que é preciso que a pessoa adequada possa encarar isso. Muitos dos problemas do passado vieram da minha carreira, das agendas”, acrescentou a jogadora, afirmando que atualmente não tem namorado, embora tenha sido vista publicamente com o modelo espanhol Andrés Velencoso. “É só um bom amigo”, afirmou.

Próxima a completar 30 anos, Maria admitiu que não há outro remédio do que “aceitar a idade”. “Fico feliz em ver tudo o que consegui, mas estou desejando saber onde meus passos me levarão agora”, disse.

Por fim, Maria disse que não tem medo de sua volta se transformar em fracasso. “Se tivesse medo, não voltaria. Ninguém me disse: ‘Maria, você tem que voltar em abril’. Podia escolher. Se não ganhar uma partida, não é um fracasso. Ganhei centenas delas”.

“Jogo por mim mesma. Anos atrás pensava no final da minha carreira e agora nem sequer passa pela cabeça. Quando estiver preparada para terminar, saberei”, disse Sharapova.

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