Novak Djokovic volta a ser detido na Austrália neste sábado
Tenista foi encaminhado para centro de detenção para imigrantes enquanto aguarda decisão judicial sobre a sua extradição
A dois dias do início do Aberto da Austrália, o número um do tênis mundial, Novak Djokovic, foi detido novamente neste sábado, 15, — noite de sexta-feira, 14, no horário de Brasília — em Melbourne, na Austrália, enquanto a justiça examina sua deportação por não ter se vacinado contra a Covid-19. O governo australiano cancelou nesta sexta-feira, pela segunda vez, o visto do tenista sérvio, mas não o expulsou imediatamente à espera de que a justiça se pronuncie sobre o recurso apresentado pelos advogados.
Segundo a documentação apresentada na justiça, as autoridades australianas argumentam que a presença de Djkovic “pode incentivar o sentimento antivacinas” e por isso pediram sua expulsão. O caso está nas mãos da justiça federal australiana, depois que o juiz de Melbourne, perante o qual os advogados do tenista apelaram, se declarou incompetente. Esta mudança de jurisdição pode desacelerar o processo, avaliou a defesa de Djokovic.
Enquanto o tribunal escuta os argumentos de ambas as partes, Djokovic, que na segunda-feira, 17, começaria sua defesa do título do Aberto da Austrália contra o compatriota Miomir Kecmanovic, está retido em um local não divulgado em Melbourne. O caso pode ter repercussões de longo prazo para o número um do mundo, que corre o risco de ser banido da Austrália por três anos. Isso seria um duro golpe para o atleta, que almeja seu décimo título em Melbourne e sua 21ª vitória em um Grand Slam — o que seria um recorde no circuito masculino.
Desde o início, o interesse esportivo do primeiro Grand Slam do ano foi ofuscado pela saga judicial de Djokovic, que se tornou um dos líderes mundiais do movimento antivacina. Há dez dias, o tenista viajou para a Austrália após ter conseguido uma isenção de vacinação dos organizadores do torneio por testar positivo para a Covid-19 em meados de dezembro. No entanto, ao chegar ao país, as autoridades fronteiriças não consideraram que uma infecção recente justificasse uma exceção, anularam o visto de Djokovic e o enviaram a um centro de detenção de imigrantes.
O tenista permaneceu detido ali até a segunda-feira, 10, quando seus advogados conseguiram que um juiz australiano o deixasse em liberdade por um erro de procedimento durante seu interrogatório no aeroporto de Melbourne. Mas nesta sexta-feira, o ministro da Imigração australiano, Alex Hawke, usou seu poder executivo para voltar a anular o visto de Djokovic, argumentando motivos de “saúde e ordem pública”.
“Os australianos fizeram muitos sacrifícios durante esta pandemia e esperam, não surpreendentemente, que o resultado desses sacrifícios seja protegido”, defendeu o primeiro-ministro conservador, Scott Morrison, sob pressão a quatro meses de uma eleição geral. Depois de quase dois anos expostos a um dos confinamentos de fronteiras mais restritivos do mundo para impedir a propagação da Covid-19, os australianos ficaram furiosos ao saber da isenção médica concedida ao tenista sérvio. Os advogados do tenista argumentam que o governo não mostrou “nenhuma evidência” da ameaça que Djokovic supostamente representa para os australianos e tentam mantê-lo livre até a resolução do caso.
Com AFP*
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