Odebrecht nega risco de interdição e diz: conta de água chega ao Corinthians
A informação revelada pela Folha de São Paulo na última terça-feira, de que um vazamento de aproximadamente 20 milhões de litros de água no estacionamento da Arena Corinthians poderia provocar um deslizamento de terra nas cercanias da Radial Leste, criou uma onda de temor sobre o estádio de Itaquera.
Frequentá-lo seria um perigo? A melhor medida seria interditá-lo?
Beetto Saad conversou com exclusividade com o engenheiro da Odebrecht Ricardo Corregio. Diretor de contratos e representante da construtora na Arena Corinthians, ele negou veementemente que exista risco de morte ou de deslizamento de terra no estádio da zona leste de São Paulo – a entrevista, na íntegra, vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan.
“Antes de mais nada, eu quero dizer que não temos nenhum problema aqui na Arena. É um local completamente seguro, onde o torcedor pode ficar à vontade para vir. Quem construiu esse estádio foi uma das maiores construtoras do Brasil e do Mundo, com expertise e qualidade”, disse Corregio.
“Posso garantir que há muita incompatibilidade entre as informações prestadas ao público. Quero deixar claro que não existe nenhum risco na Arena Corinthians. Não há motivos para pânico ou interdição da Arena. Os eventos podem acontecer normalmente, como sempre aconteceram“, acrescentou.
Corregio também eximiu a Odebrecht de culpa pelo vazamento de água da Arena. Ele explicou que as contas de água, na verdade, chegam ao Corinthians, responsável por operar o estádio. Caberia ao clube alvinegro, portanto, identificar o consumo elevado de água decorrente do vazamento.
“Existe um fundo imobiliário responsável pela administração da Arena. E, nele, existem dois cotistas principais: o Corinthians e a Odebrecht. O fundo contratou um operador para fazer a administração da Arena. Hoje, quem faz essa operação é o Corinthians”, afirmou Corregio.
Questionado se a responsabilidade do vazamento seria, então, do Corinthians, ele se esquivou: “não estou querendo dizer isso… Mas a identificação desse aumento de consumo de água chega na conta de água. E essa conta de água chega onde? No fundo e no operador do estádio”.
O posicionamento da Odebrecht surge para rebater as especulações de que haveria risco de morte para os torcedores que frequentarem a Arena Corinthians. O estádio, entregue em maio de 2014 e considerado um “presente” de Emílio Odebrecht ao ex-presidente Lula, já foi palco de graves problemas desde a sua construção.
Em fevereiro deste ano, por exemplo, houve deslizamento de terra na área ao lado do estacionamento. Além disto, placas de granito já caíram das paredes. Algumas, com o poder de cortar uma pessoa ao meio, já voaram da fachada e caíram nas arquibancadas e no gramado – felizmente, em dias sem jogos.
Corregio negou que haja correlação entre os fatos. “Não são eventos recentes, e eles foram sanados imediatamente depois de identificados. Não há qualquer interrelação entre um e outro“, afirmou, antes de se referir especificamente ao problema de descolamento de placas do estádio.
“Mesmo em um eventual desplacamento, existe um dispositivo que faz com que a placa não necessariamente caia. Ela pode simplesmente descolar. Aí, com a manutenção permanente da arena, ela é identificada e recolocada no lugar“, explicou.
“O que é importante deixar claro é que estamos falando de poucos e isolados eventos dentro de um leque de quase 30 mil metros quadrados de mármore que foram instalados entre pisos e paredes“, finalizou, com a certeza de que tal argumento pode tranquilizar os torcedores que pretendem comparecer à Arena daqui para frente.
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