Adolescente surpreende até a mãe e vira promessa do atletismo paralímpico
Há 4 anos, Vitória Sousa Santos era uma adolescente que sofria muito com as consequências da deficiência visual. Ela nasceu sem enxergar e por isso não participava de atividades na escola, além de ficar isolada em casa. Era dependente demais e tinha pouco convívio social. Mas tudo mudou graças ao atletismo. Vitória evoluiu em muitos aspectos do dia a dia, surpreendeu a mãe, participou da Liga Nescau Jovem Pan e aos poucos virou uma promessa do atletismo paralímpico do Brasil.
Antes do esporte aparecer na vida de Vitória, o cenário era de tristeza para a família: “Eu sou apaixonada pelos meus filhos. Mas eu eu me sentia triste, como mãe, por chegar em casa e ver ela sentada, em casa, sem um objetivo. Ela não tinha nada para fazer além da escola”, conta Valeria, mãe da jovem atleta.
Igor Alves, treinador da APESP (Atividades Paralímpicas Escolares de Santana de Parnaíba), conta que Vitória começou a treinar totalmente despreparada: “Ela veio para mim em 2015 e estava ‘crua’. A educação física para ela era só sentar na arquibancada. Mas a gente começou a fazer trabalho de mobilidade e deslocamento aos poucos. Depois ela disputou uma competição em Águas de Lindóia e não parou mais”.
Valeria aponta que este foi o momento mais marcante da filha no esporte. Mas não foi fácil para Igor conseguir a liberação da adolescente. “Foram uns 4 meses de conversas para a Valeria deixar”. Hoje a mãe comemora: “Eu deixei ela ir e foi muito marcante. Ela começou e eu disse que não ia atrapalhar. Disse que ia confiar nela. E a cada viagem ela fica mais independente”.
Naquela viagem Vitória disputou jogos de goalball, modalidade voltada para deficientes visuais. Ela ainda pratica esse esporte até hoje, mas apenas por convívio social. O principal esporte é o atletismo, pois ela se destaca em diversas categorias e modalidades. Treina corrida, arremesso de peso e lançamento de disco, por exemplo.
Os resultados expressivos animam Igor: “No nível estadual ela é a 3ª mais rápida nos 200 metros. Para o ano que vem queremos inscrever ela no Circuito Caixa, que é o campeonato brasileiro, para ter um parâmetro melhor. Mas ela deve estar entre as 10 melhores”.
Valeria conta que Vitória não costuma conversar sobre os treinos. Mas quando os resultados aparecem, a mãe fica surpresa e percebe que a filha quer seguir a carreira como atleta: “Ela tem vontade e já conversou comigo sobre isso. Ela está no último ano do ensino médio e pode sim continuar. Seria muito bom para ela”.
Mas independente do sucesso profissional, Vitória já conseguiu um grande benefício por causa do esporte. Aos poucos ela se tornou mais independente, o que contribuiu inclusive com a rotina de Valeria, que é mãe solteira, tem mais 2 filhos e por isso enfrenta muitas dificuldades: “Eu, por trabalhar, não tinha tempo para fazer com que ela conhecesse outras coisas além da escola. Mas o esporte trouxe convívio social, porque ela sociabilizou bastante e evoluiu na independência”.
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