Anúncio de etapa da Fórmula 1 no Rio causa confusão no automobilismo

  • Por Alex Ruffo e Caio Menezes
  • 08/05/2019 17h55 - Atualizado em 08/05/2019 18h00
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Reprodução Bolsonaro assinou termo para a construção de um novo autódromo no Rio de Janeiro

A assinatura de um termo de cooperação para a construção de um novo autódromo no Rio de Janeiro gerou confusão no mundo automobilístico. O documento foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (8). Segundo ele, o autódromo, que será construído na região de Deodoro, irá receber a etapa brasileira da Fórmula 1 já no ano que vem. A prefeitura de São Paulo, no entanto, tem contrato com a empresa detentora dos direitos da categoria para que a prova aconteça em Interlagos até 2020.

Entenda

Ao lado do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e do prefeito da capital fluminense, Marcelo Crivella (PRB), Bolsonaro afirmou que a Fórmula 1 iria deixar o Brasil, mas o resultado das eleições presidenciais de 2018 fez os mandatários da categoria mudarem de ideia. “A direção da F1 resolveu, após a eleição do ano passado, tendo em vista quem foi eleito na região que interessava para eles, manter a possibilidade de termos a F1 no Brasil. São Paulo, como havia participação pública, uma dívida enorme, tornou-se inviável para a permanência da F1 lá. Vieram para o Rio de Janeiro”, disse o presidente.

Bolsonaro afirmou ainda que o autódromo deverá ficar pronto sete meses após o início das obras e receberá o Grande Prêmio do Brasil em 2020. “De modo que, por ocasião, a Fórmula 1 do ano que vem será realizada no Brasil e, no caso, no Rio de Janeiro. São milhares de empregos, o setor hoteleiro feliz com toda certeza. Serão sete mil empregos diretos e indiretos que permanecerão para sempre. Ou seja, ganha o Rio de Janeiro, ganha o Brasil”, declarou.

No entanto, não há, até agora, possibilidade da realização do GP no Rio de Janeiro no ano que vem. Atualmente, o evento é promovido pela International Publicity – Interpub, que detém os direitos da Fórmula 1 no país. Em nota enviada à Jovem Pan, a empresa esclareceu que o contrato vai até 2020 e já está negociando a realização da etapa de 2021 em São Paulo.

“Há um contrato vigente para a realização do GP Brasil de Fórmula 1 com a cidade de São Paulo até 2020. E ambas as partes (Fórmula 1 e Prefeitura Municipal) continuam honrando seus compromissos. Em relação ao futuro do GP, a partir de 2021, estamos em fase de renegociação. Quanto ao autódromo, Interlagos é o único circuito da América do Sul ‘Nivel 1’, segundo a denominação oficial da FIA, apto à receber corridas de F1.”, diz o comunicado.

A reportagem da Jovem Pan esteve no autódromo de Interlagos na última quarta-feira (1), quando foi realizado o Senna Day, e verificou que estão sendo realizadas obras de melhorias em todos os boxes. Em fevereiro deste ano, o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou um crédito de R$ 2.122.941,44 para que o autódromo seja reformado.

Autódromo em terreno do Exército

O autódromo de Deodoro será construído em um terreno cedido pelo Exército. A área fica na Floresta do Camboatá, um dos últimos resquícios de Mata Atlântica no Rio de Janeiro. Há um projeto tramitando na Assembleia Legislativa para que a região vire uma Área de Proteção Ambiental, o que atrapalharia os planos de construção.

Este será o único autódromo do Rio de Janeiro, uma vez que o de Jacarepaguá, que recebeu corridas de Fórmula 1 nos anos 1980, foi demolido em 2012 para a construção do Parque Olímpico dos Jogos de 2016. Pelo Twitter, o presidente afirmou que a construção terá “custo zero para os cofres públicos”.

Geração de receitas

Disputado por Rio e São Paulo, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 é um importante gerador de receitas. De acordo com a prefeitura de São Paulo, a corrida do ano passado movimentou R$ 334 milhões com turismo na cidade. O Observatório de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo constatou que 77,5% do público total era formado por turistas, sendo que 18,6% de todos os presentes eram estrangeiros. Entre os visitantes, 69,2% ficaram hospedados em hotéis.

Quem foi ao GP também aproveitou para curtir outras atrações da capital paulista. A pesquisa da autarquia apontou que 90% dos turistas também fizeram visitas a museus e parques e atividades relacionadas a gastronomia, compras e entretenimento, como bares e casas noturnas.

O GP do Brasil deste ano já está confirmado para os dias 15, 16 e 17 de novembro, em Interlagos. Os ingressos custam a partir de R$ 305.

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