COI ignorou suspeita de fraude em eleição do Rio 2016 e premiou Nuzman com cargo

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/09/2017 10h31 - Atualizado em 07/09/2017 10h32
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Ao lado de Nuzman EFE Carlos Arthur Nuzman, ao lado do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach

A suspeita de compra de votos pelo Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 foi repassada ao COI anos antes de o evento ocorrer no País. Contudo, segundo investigações, a entidade olímpica não teria reagido e, em abril de 2017, chegou a distribuir três cargos para ex-diretores do Comitê Rio-2016, inclusive para Carlos Arthur Nuzman.

A informação, segundo apurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, chegou ao COI de pelo menos duas formas. Uma delas foi por meio da Procuradoria francesa, que, no início de 2016, já havia aberto inquérito sobre a situação do Rio e de Tóquio, no Japão, sede de 2020. Naquele momento, advogados do COI procuraram as autoridades em Paris.

Representantes do Comitê de Ética da entidade também teriam procurado os investigadores naquele momento. Mas a informação também foi repassada pelo ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), Eric Walther Maleson. Sem uma reação satisfatória, a testemunha teria optado por prestar depoimento de forma voluntária ao Ministério Público da França, antes mesmo de iniciar os Jogos de 2016 no Brasil. Procuradores europeus envolvidos no caso indicaram à reportagem que o comportamento do COI foi considerado como “estranho”.

Procurado em quatro ocasiões nesta quarta-feira (6), o COI não respondeu aos pedidos de esclarecimento feitos pelo O Estado de S. Paulo. No dia da operação no Rio, a entidade tentou se distanciar da crise, indicando que teria “maior interesse” em “esclarecimentos”.

A organização ainda insistiu que proteger a integridade do processo de escolha de sedes é de seu maior interesse e que um dos focos do processo, Lamine Diack, já havia sido excluído do COI em 2015. O processo, naquele momento, se referia a seu papel no doping de atletas.

Internamente, o COI teme que a operação no Rio seja apenas o início de um caos ainda maior. Além dos votos brasileiros, o MP na França já teria identificado pagamentos de propinas por parte de Tóquio para receber os Jogos de 2020.

O COI se reúne na semana que vem em Lima, no Peru, para votar a escolha de Paris e Los Angeles para receber, respectivamente, os Jogos de 2024 e 2028. O encontro ameaça ser dominado pelo debate sobre a corrupção. Delegados da entidade admitiram ao O Estado de S. Paulo que existem até comentários de que o evento poderia “terminar como o da Fifa”.

Em 2015, a reunião anual da Fifa foi o momento esperado pela Justiça dos Estados Unidos e da Suíça para promover ampla operação que terminou com sete detidos.

RÚSSIA – A embaixada da Rússia no Brasil e os consulados do País em São Paulo e no Rio não esclareceram por qual razão foi dado passaporte russo ao presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) Carlos Arthur Nuzman. As representações diplomáticas russas no Brasil não responderam ao O Estado de S. Paulo sobre o assunto.

O Ministério Público Federal (MPF) suspeita de que Carlos Arthur Nuzman tenha obtido nacionalidade russa em troca de voto a favor da cidade de Sochi para sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. A Polícia Federal (PF) encontrou um passaporte russo em nome do dirigente na casa dele na última terça-feira (5). De acordo com o MPF, “essa nacionalidade russa devia lhe permitir esperar escapar da Justiça brasileira se fosse necessário”.

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