Com Medina fora das primeiras etapas, veja quem larga como favorito no Mundial de surfe
Atual campeão perderá o início do Mundial para cuidar da saúde mental; temporada começa neste sábado, em Pipeline, no Havaí
Meca do surfe, Pipeline, no Havaí, receberá neste sábado, 29, a primeira etapa do Mundial deste esporte, cada vez mais popular no Brasil graças a uma geração talentosa e vencedora. Campeão em 2015, Adriano de Souza, o Mineirinho, de 34 anos, o primeiro grande talento da chamada Brazilian Storm (expressão em inglês que significa Tempestade Brasileira) acabou de se aposentar e agora verá fora da água um time que capitaneou até 2021. O potiguar Ítalo Ferreira, 27 anos, também tem um troféu da WSL (sigla em inglês para Liga Mundial de Surfe) e ainda se tornou o primeiro surfista campeão olímpico, nos Jogos de Tóquio-2020, disputados em 2021 devido à pandemia da Covid-19. Paulista como Mineirinho, Filipe Toledo, 26, é, entre os considerados favoritos, aquele que ainda não conseguiu sua taça de campeão. O sonho quase se tornou realidade na temporada passada, mas foi batido na decisão em Trestles, na Califórnia, e amargou o vice.
Quem bateu Filipinho na final foi justamente o brasileiro mais celebrado do circuito: Gabriel Medina, 28 anos, tricampeão do mundo (2014, 2018 e 2021), primeiro brasileiro a ganhar a Liga Mundial, atleta considerado um fenômeno desde que estreou na WSL, em setembro de 2011, aos 17 anos. No entanto, para tristeza do público havaiano, o atual campeão não dará o ar da graça em Pipeline. Medina anunciou que cuidará de sua saúde mental e abriu mão das etapas iniciais do campeonato sem estipular um prazo para retorno. “No ano passado, vivi uma montanha russa de emoções dentro e fora da água, o que afetou muito minha saúde mental e física. Ao final da temporada, eu estava completamente esgotado”, descreveu o sebastianense em seu perfil no Instagram. “Cheguei no meu limite. Tomei minha vacina durante as férias e achei que ia conseguir me preparar a tempo para a primeira etapa da nova temporada. Não foi o caso. Vou tirar um tempo para que eu possa me recuperar mental e fisicamente. Estou com uma leve lesão no quadril que venho tratando desde o final do ano passado. Somado ao corpo, tenho questões emocionais com as quais estou precisando lidar. Venho de meses muito desgastantes. Reconhecer e admitir para mim mesmo que não estou bem vem sendo um processo muito difícil, e optar por tirar um tempo para me cuidar foi talvez a decisão mais difícil que já tomei em toda a minha vida.”
Três dias depois de Medina abrir o coração no post, chegou ao conhecimento público que seu casamento com a modelo Yasmin Brunet se desmanchou. Além disso, o tricampeão está rompido com a mãe, Simone, de quem era bem próximo nos primeiros anos de carreira e que fazia as vezes de empresária do surfista. Com tantas questões para resolver, não será surpresa se Gabriel abdicar de um número significativo de etapas, abrindo espaço para os seus compatriotas. Sem o número 1 do mundo na água, Toledo (segundo colocado no ranking 2021) e Ferreira (terceiro) largam como favoritos. “As expectativas são as melhores. Estou me sentindo bem e pretendo começar o ano com o pé direito”, vislumbra Filipinho. Nascido no Havaí, o bicampeão mundial John John Florence, 29, desponta como principal rival da Brazilian Storm (que terá nove surfistas neste ano, contando Medina e os novatos João Chianca, o Chumbinho, e Samuel Pupo).
Neste ano, o circuito terá três novas etapas em relação a 2021: Sunset Beach, no Havaí, G-Land, na Indonésia, e Surf City, em El Salvador. Serão dez etapas até a grande final, em Trestles, marcada para começar em 8 de setembro. Após as cinco primeiras, serão eliminados os 12 competidores menos bem classificados do masculino e as 5 piores do feminino (uma novidade da temporada que começa hoje). O Brasil receberá a WSL já no período de afunilamento, entre 23 e 30 de junho, no Rio de Janeiro. Até lá, o mundo espera que Medina já tenha voltado a competir e se credencie a disputar o título novamente.
Os favoritos
Filipe Toledo
O surfista nascido em Ubatuba sabe como é sério o drama de Medina. Em 2019, um quadro de depressão prejudicou o desempenho de Filipinho durante a temporada. Ele não lidou bem com a frustração de ter perdido o título no ano anterior e viu sua saúde mental se deteriorar. “Às vezes você quer ficar com sua família, seus filhos. Ficar em turnê durante muito tempo pode te deixar maluco”, declarou o atleta antes das Olimpíadas realizadas no ano passado. Toledo bateu na trave de novo em 2021, mas agora se mostra mais resiliente e maduro.
Ítalo Ferreira
A evolução potiguar nos últimos anos foi cristalina. Campeão da WSL em 2019 e das Olimpíadas de Tóquio em 2021, Ítalo já figura entre os grandes do circuito. No ano passado, o campeão olímpico sonhou com o bicampeonato, mas terminou na terceira colocação, atrás dos compatriotas Gabriel Medina e Filipe Toledo. O dono do título de 2019 se mostra empolgado com o início de temporada, e sua vida pessoal tem muito a ver com isso. Recentemente, ele assumiu namoro com a miss paraibana Ana Carla Medeiros.
John John Florence
Uma ruptura no ligamento do joelho direito tirou do americano nascido no Havaí a chance de disputar o tricampeonato em 2021. Recuperado, Florence está com apetite para levar de volta o troféu da WSL para casa após cinco anos. Campeão em 2016 e 2017, ele se tornou o primeiro havaiano desde Andy Irons (2002, 2003 e 2004) a conquistar títulos mundiais consecutivos.
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