Com nova CBDA, natação brasileira inicia uma nova era no Mundial de Budapeste
A Seleção Brasileira de natação começa neste domingo uma nova era. Com menos da metade do número de atletas que disputou o Mundial de Kazan, na Rússia, há dois anos, com um terço da verba a que estava acostumado, e menos de um ano após fracassar nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, o Brasil disputa o Mundial de Budapeste, na Hungria, querendo se reerguer. Para isso, o time formado por 16 atletas quer estar em pelo menos 10 finais e deixar a piscina com uma boa impressão rumo a Tóquio-2020.
Sob nova diretoria, após quase três décadas, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) enfrentou dificuldades para colocar a Seleção no Mundial. Em abril, a Operação Águas Claras, da Polícia Federal, prendeu a antiga cúpula da entidade sob a acusação de desvios que chegariam a R$ 40 milhões. A ação fez os Correios anunciarem o rompimento do contrato de patrocínio – que havia sido reduzido de R$ 18 milhões anuais para R$ 5,7 milhões no início do ano -, medida que acabou sendo revista.
Passado o momento mais agudo da crise, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) tratou de injetar recursos e a CBDA movimentou patrocinadores. O orçamento menor, contudo, afetou a programação da equipe brasileira. A aclimatação para o Mundial, por exemplo, foi de apenas dois dias inteiros em Portugal.
“Eu gostaria que fosse um pouquinho mais”, admitiu Renato Cordani, diretor de natação da CBDA. “Numa aclimatação, o principal fator é o fuso horário. A natação de piscina talvez seja o esporte mais sensível a viagens, porque o atleta sente muito. Ele precisa chegar à piscina completamente descansado porque são centésimos de segundo que definem uma medalha”.
O pouco período para aclimatação, no entanto, não é visto como empecilho para um bom desempenho em Budapeste. “Esta Seleção está mais forte do que a equipe olímpica. Aquela expectativa que foi criada e saiu na imprensa era irreal. A Seleção Brasileira olímpica de natação não tinha muitas chances de tirar medalha. Talvez o (Bruno) Fratus, que vinha bem, mas nas outras provas não tinha como”, afirmou Renato Cordani. “Neste Mundial estamos mais fortes e com mais chances de conquistar bons resultados”.
Publicamente, a CBDA não fixou meta de pódios para o Mundial de Budapeste. A entidade, contudo, planeja que os 16 atletas brasileiros estejam em pelo menos 10 finais.
ATLETAS – O nadador João Gomes Júnior diz que a equipe está preparada e considera que a crise na entidade não afetou a preparação dos atletas. “Não atrapalhou o rendimento porque o grupo se uniu bastante para não deixar este meio externo influenciar”, assegurou. “Quando se trata de política, não tem como brigar. Não tinha como bater de frente com os dirigentes”.
Felipe Lima vê o novo cenário como promissor. “Estamos passando por um período de transição após a prisão dos ex-dirigentes da CBDA. Víamos o que estava acontecendo há muitos anos e não tínhamos como fazer nada contra eles. Se batêssemos de frente, não conseguiríamos ter apoio da federação”, contou. “Estamos mudando e isso ainda não refletiu para os resultados dos novos atletas, mas o caminho e as projeções são muito favoráveis para que a gente consiga fazer um bom planejamento até os Jogos de Tóquio-2020”.
Ele diz também que a relação com os dirigentes atuais é mais próxima. “A gente não tinha um contato direto com a federação, sempre a gente tinha de fazer contato com a CBDA por meio dos clubes. Agora, o atleta mesmo pode fazer contato com o presidente, com os diretores”, ressaltou Felipe Lima.
Além de Felipe Lima e João Gomes Júnior, que irão disputar os 100 metros peito, o Brasil contará com Gabriel Santos (100 metros livre), Thiago Simon (200 metros peito), Leonardo de Deus (200 metros borboleta), Marcelo Chierighini (100 metros livre), Henrique Martins (100 metros borboleta), Guilherme Guido (100 metros costas), Brandonn Almeida (400 metros medley), Joanna Maranhão (400 metros medley), Bruno Fratus (50 metros livre), Manuella Lyrio (200 metros livre), Guilherme Costa (1.500 metros livre), Etiene Medeiros (50 metros livre), Cesar Cielo (50 metros livre) e Nicholas Santos (50 metros borboleta).
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