Comentarista da NBA abandona programa em apoio a jogadores e viraliza; assista

“Para mim, como homem negro e ex-jogador, o mais importante hoje é apoiar os atletas e não estar aqui”, desabafou Kenny Smith, antes de desconectar o microfone, levantar-se e sair do estúdio

  • Por Jovem Pan
  • 27/08/2020 10h46 - Atualizado em 27/08/2020 10h47
  • BlueSky
Reprodução Hoje comentarista da TNT, o ex-jogador Kenny Smith abandonou um programa ao vivo para demonstrar solidariedade ao protesto dos atletas da NBA

Minutos depois de os jogadores do Milwaukee Bucks se recusarem a entrar em quadra para o jogo contra o Orlando Magic, pelos playoffs da NBA, como forma de protesto contra a violência policial cometida contra Jacob Blake, uma cena ocorrida ao vivo na TV americana viralizou. Hoje comentarista da TNT, o ex-jogador Kenny Smith, que foi bicampeão da principal liga de basquete do mundo pelo Houston Rockets em 1994 e 1995, fez um firme discurso de repúdio ao racismo e abandonou o programa do qual participava em solidariedade aos atletas, que provocaram também o adiamento das outras duas partidas marcadas para a última quarta-feira, 26, em Orlando.

“Nesse momento, a minha cabeça está prestes a explodir com pensamentos sobre o que está acontecendo e não sei se sou a pessoa mais apropriada para falar sobre o que e como os jogadores estão se sentindo. Vindo para cá, ouvi informações e recebi ligações… E, para mim, como homem negro e ex-jogador, o mais importante hoje é apoiar os atletas e não estar aqui”, afirmou Kenny Smith, antes de desconectar o microfone, levantar-se e deixar o estúdio. O comentarista recebeu o apoio imediato do apresentador Ernie Johnson, que afirmou respeitar a posição do colega. Outros dois ex-jogadores continuaram no programa: Shaquille O’Neal e Charles Barkley.

Outra cena que viralizou nas redes sociais foi o desabafo de Zora Stephenson, jornalista da Fox Sports que já estava em quadra e trabalharia no duelo entre Milwaukee Bucks e Orlando Magic. Emocionada, a repórter elogiou o gesto dos jogadores e disse sentir “muito orgulho” da atitude tomada por eles. “Para mim, nesse momento, a palavra que continua martelando na minha cabeça é ‘inspirador’, porque, quando você fala em querer mudança, todos nós temos que nos perguntar: ‘do que estamos dispostos a abrir mão?’ Você pode falar, tweetar, protestar, doar, mas o que você está disposto a perder até ver aquela mudança realmente acontecendo?”, questionou.

“Se os Bucks decidiram não jogar esta partida, eles deram uma declaração de que estão dispostos a perder um jogo de playoff durante a busca por algo que eles trabalharam o ano inteiro para ter e disseram: ‘isso vale a pena. Nós estamos dispostos a fazer esse sacrifício’. A beleza deste país é poder lutar por algo que você acredita. Independentemente de você acreditar ou concordar com o que as pessoas lutam, você precisa respeitar quando as pessoas estão lutando por algo, e não só falam, mas agem por isso. Eu não ligo para o que você pensa, mas internalize isso, que você tem a habilidade de lutar pelo que você acredita neste país. Os Bucks estão fazendo isso neste momento, e eu sinto muito orgulho”, finalizou.

O protesto dos jogadores da NBA ocorreu dias depois de mais um caso de violência policial contra negros nos EUA. Desta vez, Jacob Blake, um homem negro de 29 anos, levou sete tiros nas costas de um policial branco na cidade de Kenosha, em Wisconsin, enquanto tentava separar uma briga entre duas mulheres. Ele estava desarmado e corre o risco de ficar paraplégico. A recusa dos atletas dos Bucks em entrar em quadra foi aderida pelos jogadores dos outros times, e tanto a NBA quanto a associação de jogadores da liga anunciaram o adiamento e a remarcação do quinto jogo dos playoffs de Milwaukee Bucks x Orlando Magic, Los Angeles Lakers x Portland Trail Blazers e Houston Rockets x Oklahoma City Thunder.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.